A menos de dois meses de assumir o comando global da IBM, Ginni Rometty esteve no Rio de Janeiro em um evento da empresa sobre cidades inteligentes. Ela defendeu a necessidade de implantar, integrar e otimizar sistemas na administração pública para melhor desenvolvimento de cidades inteligentes, trazendo à tona uma das tendências mais apontadas por especialistas na área de TI – a gestão do volume massivo de dados, ou Big Data.
Ginni ocupa a vice-presidência sênior de vendas, distribuição, marketing e estratégia da IBM, posição que se reflete na importância dada à gestão. Sua formação, contudo, é na engenharia – crucial para sua visão de negócio, especialmente na área de cidades inteligentes. “Na engenharia, costumamos fragmentar um problema em pequenas partes e resolver cada uma para solucionar o todo”, explica.
Para a gestão pública, entretanto, ela defende a construção de sistemas integrados de TI para gerir toda a informação, trazida junta para um único sistema de controle. “É necessário ter uma visão sistêmica, ou seja, abrir o espectro para ver o todo”, completa, enfatizando a importância da instrumentalização para gerar dados, dando ao gestores a informação necessária para tomada de decisões.
“Informação é o novo recurso natural”, enfatizou Ginni. O trabalho, segundo ela, não termina apenas com a instrumentalização e unificá-los. “O verdadeiro sistema bem-sucedido para a administração pública é a competitividade somada à cooperação, um verdadeiro desafio para empresas privadas que poderia resultar em excelentes projetos” é o olhar da nova líder sobre a inovação. A partir de então, os dados coletados e trabalhados nos sistemas podem ser otimizados para transformar, de fato, a qualidade de vida dos cidadãos.
Ela deu o exemplo do sistema de transporte público de Singapura. Depois de integrar todo o transporte por meio de cartões eletromagnéticos, a administração pública passou a utilizar a mesma tecnologia para dar aos cidadãos o controle de outras áreas ligadas aos coletivos, como por exemplo, sinais de trânsito. Os cartões, que levam informações pessoais das pessoas, são utilizados para sinalizar a necessidade de passagem de pedestres por meio da aproximação em terminais. Uma das aplicações é que, quando um idoso realiza o procedimento, o tempo em que a passagem fica liberada para o pedestre é ligeiramente superior ao convencional. “Ou seja, o que Singapura conseguiu foi a otimização dos dados para transformar a vida das pessoas”, explicou Ginni.
Após a exposição de Ginni, seguida por um debate entre executivos mediado por ela, Sam Palmisano subiu ao palco para um encerramento informal. Ele deixa a IBM após 9 anos no mais alto cargo da empresa para aposentadoria. Sua fala final foi simbólica, levando em consideração o momento de transição pelo qual a IBM passa: “Se você quer chegar no futuro, não pode se apaixonar pelo passado”.
*A jornalista viajou ao Rio de Janeiro a convite da IBM