Como parte da estratégia de criar uma indústria para produção de telas de LCD no Japão, o fundo Innovation Network, ligado ao governo daquele país, liberou US$ 2,5 bilhões para a Japan Display, empresa resultante da fusão das unidades de fabricação de telas da Sony, Toshiba e Hitachi. O fundo Innovation Network terá 70% de participação na nova companhia, que inicia as operações neste mês.
Com o aporte bilionário, a Japan Display inicia as atividades como uma das maiores fabricantes de telas para smartphones do mundo. A joint venture não irá produzir televisores, segundo informa o The Wall Street Journal.
Analistas do mercado avaliam como positiva a iniciativa do governo japonês, principalmente porque todas as empresas de eletrônicos do país estão investindo muito para se recuperar de trimestres seguidos de declínio nas vendas e reeger o setor. Elas enfrentam a forte concorrência de companhias asiáticas, com custo de produção mais baixo, inclusive da gigante sul-coreana Samsung. “Se a Japan Display falhar, toda a indústria de eletrônicos do país ficará sem muitas alternativas para sobreviver”, opina o analista da DisplaySearch, Hiroshi Hayase, especializado nesse mercado.
De acordo com a consultoria, o mercado de painéis de LCD movimentou US$ 27,2 bilhões no ano passado. A estimativa é que a cifra mais do que dobre em dois anos e atinja US$ 56,5 bilhões, impulsionada também pela produção de tablets. A Samsung obteve 17,7% de participação de mercado no ano passado e, segundo Hayase, neste ano a Japan Display pode chegar a 17% e competir diretamente com a rival – com a vantagem de poder fornecer para concorrentes da Samsung.
A Apple, por exemplo, hoje conta com apenas a fabricante coreana para produção da tela de altíssima resolução do novo iPad. As duas empresas não têm uma boa relação por serem arquirrivais no mercado de smartphones e tablets, com processos judiciais por quebra de patentes em diversos tribunais ao redor do mundo.
Em entrevista ao jornal americano, o CEO da Japan Display, Shuichi Otsuka, revelou que a companhia planeja abrir capital “assim que possível” para levantar mais recursos. Ele projeta a operação para abril de 2014, quando estiver consolidada a produção em massa de diversos produtos.