A China registrou no primeiro trimestre a primeira queda na venda de smartphones em seis anos, de acordo com relatório da IDC, divulgado neste domingo, 10, o que fez acender "o sinal de alerta" não só para os fabricantes locais, como Xiaomi, HTC, Huawei e Lenovo, mas principalmente para gigantes como Apple e Samsung Electronics.
O levantamento mostra que, entre janeiro e março deste ano, a venda de celulares no país, o maior mercado consumidor de smartphones do mundo (a China ultrapassou os EUA em 2011), caiu 4% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas de 98,8 milhões de aparelhos representam uma retração, de 8%, quando comparadas às do último trimestre de 2014.
Analistas de mercado atribuem a desaceleração, em grande parte, ao baixo índice de consumidores que compraram o primeiro celular. "Os smartphones têm hoje uma taxa de penetração superior a 90% na China", disse Tom Kang, diretor de pesquisa da Counterpoint, ao The Wall Street Journal. Isso, segundo ele, significa que quase toda pessoa na China que queria um smartphone já possui um. "A China é agora um mercado de substituição", observou Kang, o que, em outras palavras, quer dizer que o mercado já atingiu a saturação.
Agora, dizem outros analistas, os fabricantes de smartphones terão de apostar na atualização de aparelhos para garantir participação de mercado. Em Pequim, um profissional da área de tecnologia da informação usa um iPhone 6 e atualiza seu telefone a cada dois anos, aproximadamente.
Impacto nas vendas
A retração nas vendas tem implicações importantes para fabricantes de smartphones estrangeiros como Apple e Samsung. "O mercado de smartphones na China agora é formado basicamente por modelos high-end como da Apple e por aparelhos de entrada de linha, básicos", disse ao jornal americano Charles Lin, diretor financeiro da Pegatron Corp., que fabrica smartphones para a Apple e algumas marcas chinesas. "Está ficando difícil para os fabricantes que atuam na faixa intermediária."
A Apple hoje vende mais iPhones na China do que nos EUA e no primeiro trimestre se tornou a maior fabricante de smartphones em participação de mercado naquele país, segundo a IDC, superando a chinesa Xiaomi, com as vendas do iPhone 6 e iPhone 6 Plus.
Já a Samsung caiu para o quarto lugar na China no primeiro trimestre, sendo que há um ano ocupava o topo do ranking, ainda de acordo com a consultoria. Embora veja os indícios de retração como preocupantes, ela vê boas perspectivas para o seu novo Galaxy S6. "Há sinais de que o crescimento explosivo de smartphones na China vai abrandar este ano, mas a grande maioria de 885 milhões de usuários móveis chineses está usando aparelhos low-end e smartphones de gama média", disse a Samsung em comunicado. "Isso deixa muito espaço para atualizações para modelos high-end conforme o mercado for amadurecendo."
Mas não é essa a avaliação da Counterpoint. "Os fabricantes de celulares estão tendo um cenário cada vez mais difícil na China", disse Kang. "E dependem das vendas feitas por meio de três grandes operadoras de telecomunicações controladas pelo Estado — China Mobile, China Unicom e China Telecom", completou o analista.