Depois de cinco meses e três rodadas para o recebimento de ofertas por seus ativos de internet, o Yahoo pode ter a venda do negócio frustrada, avalia Bob Peck, analista do SunTrust Banks. Em uma nota publicada nesta segunda-feira, 11, Peck diz que é possível que o Yahoo não prossiga com o negócio se não considerar oferta atraente para o seu negócio internet, avaliado em US$ 10 bilhões pela própria empresa.
Em seu texto, o analista observa que US$ 10 bilhões é um valor difícil de o Yahoo alcançar neste momento, devido a uma série de fatores de risco que podem resultar em lances abaixo do esperado. Um deles é que o negócio de internet do Yahoo vem diminuindo em um ritmo de dois dígitos — no último trimestre, a receita, excluindo os custos com aquisição de tráfego (TAC, na sigla em inglês), caiu 18% ano sobre ano. "O core business está derretendo como um cubo de gelo", escreve Peck.
No geral, a receita com publicidade digital nos EUA está crescendo, mas não a do Yahoo. A publicidade online nos EUA cresceu 21% no primeiro trimestre deste ano, para cerca de US$ 16 bilhões. Mas de acordo com projeção do Índice Padrão de Mídia os gastos com publicidade no Yahoo devem cair 30% neste ano. Isso, na avaliação de Peck, pode levar a empresa a retomar a ideia de desmembrar sua operação e vender sua participação no Yahoo Japão, criando uma empresa independente, de capital aberto. Se isso, ocorrer, o analista não descarta também a retomada do plano para cisão (spinoff) da participação de 15% que detém no portal chinês Alibaba.
Muitos fatores envolvendo o negócio levam a crer na possibilidade de desistência da venda, segundo Peck. O processo de licitação já se arrasta por cinco meses e, na semana passada, surgiu a notícia de que o Yahoo teria que pagar mais de US$ 1 bilhão à Mozilla, dona do navegador de internet Firefox, devido a um acordo fechado em 2014 para tornar a sua ferramenta de buscas padrão em todos os navegadores Firefox nos EUA. Uma cláusula contratual estabelece que a Mozilla deve receber US$ 375 milhões por ano até 2019, se a empresa for vendida antes do término do período de vigência do acordo, que é de cinco anos.
"É bem possível que o valor das propostas realmente tenha diminuído no decorrer do mês passado… Em algum nível de preços, o conselho de administração pode chegar à conclusão que é melhor para os acionistas simplesmente fazer a cisão, em uma operação tributável à parte", escreveu Peck, segundo o site Business Insider.
Ainda assim, o analista destaca que é possível o Yahoo encontrar um comprador para o seu negócio de internet e o portfólio de patentes na faixa de US$ 6 bilhões. Mas por conta de algumas contingências, como o negócio com a Mozilla e a natureza complexa da liquidação de seus ativos asiáticos no Alibaba e no Yahoo Japão, Peck decidiu rebaixar a classificação do Yahoo de "compra" para "neutro".