A física define energia (seja eólica, térmica, solar, hídrica, entre outras) como a capacidade que um corpo ou substância tem de realizar trabalho. Por isso, ela é a força motriz que possibilita a realização de algum tipo de movimento nosso ou de nossas máquinas. Devido ao custo de geração de energia elétrica elevada e pelo fato da matéria-prima para sua obtenção não ser inesgotável, o seu consumo precisa ser moderado ou até reduzido. É o caso, por exemplo, de um único Data Center que pode consumir uma quantidade de energia equivalente a milhares de residências!
Na atual conjuntura econômica, onde empresas e indústrias buscam redução de custos e mais competitividade, cada Watt poupado é precioso. Ainda, existe a crescente consciência sobre a redução do consumo de recursos naturais e um maior envolvimento com a sustentabilidade do planeta. Então, traçar um plano de eficiência energética é um passo importante e estratégico.
O Data Center utiliza energia elétrica para realizar o processamento e armazenamento das informações. O consumo de energia dos servidores chega a comprometer, em média, entre 50% e 60% do consumo total de energia. Os demais gastos são provenientes dos equipamentos de infraestrutura como Ar Condicionado, UPS, transformadores e outros dispositivos elétricos. Por isso, vale focar essa análise nessa infraestrutura, que é tão importante para as operações de diversos negócios em todo o mundo. Para diminuir essa demanda e o comprometimento de uma verba tão relevante, é importante investir em alternativas existentes no mercado que melhoram o desempenho com o menor gasto de energia possível.
A busca pela economia deve iniciar-se ainda na fase de projeto do Data Center. Há sempre espaço para reduzir o consumo de energia em cada sistema que o compõe. A localização física, por exemplo, pode propiciar maior ou menor consumo energético devido às condições climáticas da região. A arquitetura do edifício e os materiais empregados na construção também tem impacto significativo no consumo energético. Nos servidores, podemos optar por modelos de última geração com múltiplos núcleos, arquitetura moderna e virtualização das aplicações. No sistema elétrico, a escolha criteriosa da topologia e dos equipamentos de acordo com sua natureza (cabos, transformadores, UPS, etc) pode proporcionar uma diminuição do consumo energético. Outro sistema de relevante importância é o de refrigeração – grande vilão de energia -, no qual a escolha dos equipamentos deve ser muito bem ajustada à realidade do projeto, considerando a localidade e outras variáveis.
Parece óbvio que para obter os benefícios basta realizar um bom projeto e adotar os melhores materiais e os equipamentos mais eficientes. Porém, isso não costuma acontecer, infelizmente. Num primeiro momento, a maioria das empresas olha somente para o custo do investimento inicial (Capex), mas a grande sacada está em calcular o retorno sobre investimento (ROI) a longo prazo incluindo também os custos operacionais (Opex). A diferença de preço (materiais e equipamentos mais econômicos tendem a ter preços mais elevados) é recuperada pela economia gerada em médio ou longo prazo.
Outras alternativas podem ser adotadas após a construção do Data Center, como a manutenção do equilíbrio dinâmico do sistema de ar condicionado e a equalização das cargas, entre outros. Para isso, é recomendado um plano de uma manutenção especializado. Um sistema de gerenciamento do consumo do datacenter (DCIM) pode fornecer indicações de pontos a melhorar de forma continua.
Um Data Center é uma infraestrutura complexa e que requer elevados investimentos. Por isso, otimizá-los de forma estratégica e consciente é vital para o sucesso das operações em todos os sentidos. Quando bem elaborada cada etapa de sua construção – desde a energia incorporada até a verificação especializada da operação –, pode garantir a eficiência de todo o conjunto.
Luiz Cristiano Soares, gerente de engenharia na Aceco TI.