5 passos para caminhar na direção de um evento carbono neutro

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Segundo a Organização Internacional de Energia (IEA), apenas no ano passado, o planeta lançou na atmosfera 36,8 bilhões de toneladas de CO2. Um montante absurdamente grande, que gerou efeitos climáticos adversos, como o aquecimento global, ondas de calor extremas, secas, fortes chuvas e inundações devastadoras que afetaram milhões de pessoas.

Resumindo, a Terra está se transformando em uma grande panela de pressão; e duas palavras podem ajudar a conter esse fenômeno: "carbono neutro".

O carbono neutro pode ser definido como esforços e estratégias de curto prazo que não geram dióxido de carbono (CO2), entre outros gases poluentes, na atmosfera ou, ao menos, ajudam a neutralizar essas emissões, inclusive com ações simples.

Para saber mais sobre a ideia é preciso revisitar o termo pegada de carbono, ou carbon footprint, no conceito original  em inglês. Criada nos anos 1990 por William Rees e Mathis Wackernagel, trata-se de uma metodologia que calcula o impacto das atividades humanas no planeta. Uma pegada de carbono é, assim, a quantidade total de gases de efeito estufa emitidos por nossas ações. A métrica é usada para calcular os danos causados por pessoas, empresas, ou mesmo, nações inteiras.

A ONG ambientalista The Nature Conservancy estima que cada pessoa gera, em média, 4 toneladas anuais de CO2. Diante desses dados, para frear o aquecimento global deveríamos reduzir nossa pegada de carbono para 2 toneladas anuais até 2050.

Felizmente, o conceito carbono neutro, onipresente nas cúpulas ambientais e discursos presidenciais, também tem ganhado espaço irrevogável nas agendas das organizações. Com isso, estamos caminhando para que boas práticas sustentáveis sejam incorporadas definitivamente também no âmbito dos eventos. Veja a seguir, cinco passos para caminhar na direção de um evento carbono neutro:

1) Entenda o conceito 

Um bom exemplo é a turnê Music of the Spheres, do Coldplay, que está em curso e já nasceu com o compromisso de ser eco-friendly. No site do quarteto britânico a mensagem é clara: a banda quer compensar, em cada apresentação, as emissões de CO2, reduzindo seu impacto ambiental.

Entre as promessas da banda, quando a turnê foi anunciada, estavam aumentar a eficiência energética, plantar uma árvore para cada ingresso vendido e diminuir as emissões diretas de carbono em 50%, em comparação à turnê anterior  (A Head Full of Dreams Tour), que aconteceu entre 2016 e 2017. Para isso, foram colocadas em ação estratégias como a construção de palcos a partir de materiais reutilizáveis (como bambu e aço reciclados) e reaproveitados ao longo da turnê, confetes 100% biodegradáveis e pulseiras de LED produzidas com materiais vegetais compostáveis. Somam-se a elas  a instalação de energia solar, e, ainda, de pisos de energia cinética nos estádios, com o público dançando ou pedalando em bicicletas elétricas, contribuindo para a geração de energia no palco.

No último mês de junho, a banda inglesa revelou balanço após os primeiros doze meses de turnê, afirmando que algumas práticas precisam ser melhoradas, enquanto outras estão funcionando a pleno êxito. No geral, Music of the Spheres já conseguiu reduzir em 47% de emissões de carbono em relação à turnê anterior, com resultados expressivos: até o momento 5 milhões de árvores foram plantadas e 5 mil hectares de terras restauradas, em 17 países. Além disso, 21 projetos de plantio foram apoiados (incluindo a regeneração de ecossistemas da Mata Atlântica). Houve também a redução de 66% de todo o lixo da turnê, que deixou de ser direcionado para aterros sanitários. Esse é, basicamente, o conceito de um evento carbono neutro.

Por esta mesma lógica, temos nas feiras de negócios e congressos um grande desafio. Apenas na cidade de São Paulo, estima-se que são realizados  90 mil eventos por ano, o que equivale a um evento a cada 6 minutos, segundo dados da SPTuris. Ocorre que, até poucos anos, a prioridade das empresas era impactar o público com estandes onde se priorizava a beleza, conforto e inovação, porém, deixando de lado completamente o lado ambiental.

Felizmente, esse mindset está mudando. Uma iniciativa exemplar é o estande da S.I.N. Implant System no último CIOSP (Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo). Criado em parceria com a Eccaplan, ele recebeu o Selo Evento Neutro por garantir a neutralização de carbono, promovendo iniciativas como o descarte correto dos resíduos gerados nos quatro dias do congresso. Para dar conta do recado e planejar a neutralização de todas as emissões de CO2, foi feito um inventário no qual, por exemplo, o impacto gerado até mesmo pelo  combustível usado para transporte de cada palestrante, que foi neutralizado com ações de compensação ambiental e com projetos de energia renovável. Além da coleta seletiva do lixo, os copos utilizados no estande foram de vidro ou de material reciclável, para não poluir o meio ambiente. No mais, foi usada apenas madeira de reflorestamento na montagem de toda a estrutura.  Isso tudo, claro, visando a responsabilidade socioambiental e a preservação do nosso planeta. Gostou das ideias? Então vale a pena saber mais e inspirar-se nos bons exemplos do Coldplay e da S.I.N. Implant System.

2) Abrace e compartilhe propósitos 

Em 2015, 195 países firmaram o Acordo de Paris, o maior compromisso da humanidade em prol do meio ambiente. Na prática, o tratado visa reduzir o aquecimento global com metas específicas para cada envolvido – e uma delas é a diminuição das emissões de CO2 até 2025. Algo que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), pode evitar uma catástrofe ambiental em 2030.

Diante disso, iniciativas carbono neutro colaboram justamente com este propósito global. Um entendimento, aliás, que pode ser compartilhado com o público participante de eventos corporativos, via ações inteligentes e específicas. Ao estimular novos comportamentos, o seu evento corporativo cumprirá um papel essencial, que é educar os participantes. Além de ratificar o viés ecológico do momento, essas ações criam um senso empoderador de conexão, de pertencimento e de bem comum.

3) Tenha o ISO 20121 como guia 

Acredite: desde 2012 há normas e padrões voltados à sustentabilidade em eventos. E elas estão elencadas no ISO 20121, um documento imprescindível a quem quer realizar ações carbono neutro. Para começar, suas diretrizes estão intimamente alinhadas aos princípios ESG – isto é, Ambientais (Environmental), Sociais (Social) e de Governança (Governance). Além disso, o ISO 20121 pode nortear estratégias em todas as fases do evento e para todos os públicos envolvidos, desde fornecedores, equipe e público participante. Ou seja, temos de colocar em prática as diretrizes da ISO 20121, que deve funcionar como um código de conduta.

4) Foque na calculadora 

Compensar ou mesmo neutralizar pegadas de carbono não é uma missão aberta a deduções. Ao contrário, cumpri-la requer uma matemática precisa, diagnosticando impactos e norteando planos.

No caso dos eventos corporativos, é preciso saber de maneira cuidadosa quanto CO2 é impulsionado na atmosfera por questões como consumo de energia, geração de lixo, transporte de participantes, entre outros itens. De posse desses números, é possível pensar em estratégias ou atrativos que possam calibrar os danos causados.

Para realizações de proporções gigantescas, consultorias vêm a calhar. Mas para atividades menores, no entanto, podem contar com estruturas gratuitas e online que ajudam a organizar métricas. Dois bons exemplos estão  sendo oferecidos hoje pelas Nações Unidas e pela The Nature Conservacy.

5) Inspire-se e invista em boas práticas 

Seu evento corporativo pode se tornar um case de sucesso quando o assunto é carbono neutro. Para isso, uma estratégia poderosa é levar o conceito para todos os detalhes do projeto e do cronograma, inspirando-se em boas práticas de outras organizações. O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, incentivou a mobilidade coletiva e de qualidade, via trem, para a reunião anual em Davos. Por aqui, ônibus fretados para reunir com conforto diferentes participantes pode ser uma alternativa, assim como colocar à disposição  um bicicletário, ou estimular convidados a oferecerem carona para outros participantes.

Outra excelente ideia é estimular os participantes a levarem suas próprias garrafinhas de água (que podem ser abastecidas no evento), ou mesmo, oferecer ecobrindes, como canudos reutilizáveis, canecas ou copos feitos de fibra de côco, ecobags, calendário ecológico feito de papel semente etc.

Pontos a observar envolvem, ainda, a locação de espaços com energia solar; apostar em participações híbridas (isto é, com espectadores online); diminuir o consumo de papel; priorizar acomodações em hotéis que também incluam práticas de sustentabilidade e cuidar, até mesmo, do menu do evento, priorizando o consumo de produtos locais. Isso mesmo. Valorizar fornecedores de alimentos das proximidades, além de fortalecer a economia da região, ainda reduz o gasto com combustível, e, portanto, as emissões de CO2 com transporte. Vale também evitar os desperdícios e conscientizar os presentes sobre o tema.

Na prática, reduzir as emissões de carbono em um evento é mais do que uma estratégia ambiental. É uma maneira de ampliar as pegadas positivas que a sua empresa deixa no mundo. E quanto se fala em ações institucionais, não há legado melhor do que ter propósitos.

Thaísa Passos, Gerente Executiva de Marketing da S.I.N. Implant System.

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