Paradoxo digital custará US$ 205 bilhões ao Brasil até 2025, afirma relatório da McKinsey

0

O Brasil representa um grande paradoxo na relação com meios digitais. Sua população é campeã mundial em horas gastas por dia na internet. A rede é a terceira mais importante fonte de informações para consumidores — nos EUA, é apenas a sétima. Ainda assim, o comércio eletrônico brasileiro representa apenas 3,6% do varejo, menos da metade da média mundial, de 7,8%, e bem distante dos 14% da China. Essas e outras contradições podem custar US$ 205 bilhões em oportunidades perdidas até 2025, mostra levantamento da consultoria McKinsey & Company.

Os ganhos viriam na forma de melhoria nas dinâmicas do mercado de trabalho, na eficiência no uso de ativos e na produtividade em geral, e isso sem levar em consideração os benefícios do aumento na atividade dos consumidores. Segundo a McKinsey, a melhoria na eficiência do mercado de trabalho poderia contribuir com a adição de US$ 70 bilhões até 2025.

A maior digitalização do país também permitiria o aumento no uso de ferramentas para gestão de máquinas e ferramentas, reduzindo custos de manutenção e aumentando a vida útil desses equipamentos. No total, isso poderia acrescentar até US$ 25 bilhões ao PIB nos próximos dez anos.

De acordo com a McKinsey, o ganho potencial com Pesquisa e Desenvolvimento, melhorias nas operações e cadeias de suprimento das empresas e na gestão de recursos do país poderia atingir US$ 110 bilhões, o equivalente a uma alta de 4,5% no PIB.

Hoje, porém, o PIB digital brasileiro representa apenas 1,7% do total, menos da metade da média global e quase quatro vezes menos que o do Reino Unido, onde 6,7% do PIB tem origem em atividades digitais. Apesar do tempo gasto online por brasileiros, de sua intensa participação em redes sociais e de sua facilidade com novas ferramentas digitais, esse potencial não é capturado. A falta de infraestrutura e a concentração da atividade econômica em setores em que a digitalização é baixa são os principais fatores que alimentam o paradoxo digital do país.

O gargalo na infraestrutura de telecomunicações no país é cada vez pior. Enquanto os EUA investem anualmente cerca de US$ 2,8 mil per capita nessa área, o gasto brasileiro é de apenas US$ 300 per capita — e isso sobre uma base instalada muito limitada. Entre 2012 e 2015, houve aumento no tráfego digital no Brasil, enquanto a disponibilidade de infraestrutura caiu — isso ocorreu em apenas 11 países, incluindo o Brasil, em 136 nações, segundo dados do Fórum Econômico Mundial analisados pela McKinsey.

O Brasil captura apenas 4% de seu potencial digital, mostram dados da consultoria, enquanto nos EUA, essa proporção é de 18% e, em alguns países europeus, chega a 17%.

Segundo a McKinsey, o Brasil teria que ir além de apenas recuperar o tempo perdido, mas acelerar o ritmo de sua digitalização para capturar as oportunidades que ela proporciona. Do contrário, o País perderia relevância econômica e potencial de crescimento em relação a outras nações.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.