O processo de fusão entre empresas de software e prestadoras de serviços de TI sinaliza consolidação e uma profissionalização do setor, acredita Francisco Ribeiro, diretor de TI e responsável pela área de outsourcing na Accenture. Ele destaca uma mudança principalmente no modelo contratação dos profissionais, em que muitos estão na informalidade.
O executivo reclama que a competição com os que não seguem o regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) não é justa. Ele diz que os que não pagam encargos trabalhistas praticam custos mais baixos e aliciam talentos treinados pelos que registram em carteira, oferecendo propostas salariais que aos olhos dos profissionais são vantajosas.
?As regras têm que valer para todos. A informalidade gera dificuldades para a competitividade. Se o Brasil quiser disputar com a Índia, tem que ser sério.?
Para o consultor da Accenture, essa situação deverá mudar com o ensaio de algumas empresas de abrirem capital, processo que exige administração transparente. Ele brinca que ninguém vai querer casar com a noiva se ela não estiver pronta. Ou seja, o investidor só vai colocar dinheiro em negócios que ofereçam segurança.
O presidente da Brasscom acredita que o mercado brasileiro de exportação de software e serviços e deverá deslanchar mesmo em 2007, quando começa a colher os frutos das ações realizadas em 2006, como a criação da certificação de inglês e o programa de capacitação lançado para formar profissionais de nível médio.
As empresas estarão com uma oferta definida para atacar no mercado externo, que é o financeiro. O Brasil vai aproveitar a experiência que adquiriu com automação bancária para marcar presença no setor de offshore de TI. Para mostrar as competências do País neste segmento, a Brasscom encomendou uma pesquisa da IDC que mostra que as empresas nacionais têm grandes chances de competir nessa área com a Índia, China, Rússia e México.
O estudo da IDC revela que em comparação com esses países emergentes o Brasil é o mais avançado em automação bancária. Mauro Peres, diretor de pesquisa da consultoria, diz que o Brasil é um dos poucos no mundo que faz transações em tempo real. O internet banking, que é acessado hoje por 14% da população, também é um dos mais sofisticados e o País conta ainda a seu favor a experiência adquirida com a implantação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
?O que falta para o Brasil se tornar um grande exportar desses serviços é marketing dessas competências. O Brasil tem que por a bouca no trombone e contar essa história ?, recomenda o consultor da IDC. As projeções para 2010 são de que dos US$ 5 bilhões projetados para mercado externo, pelo menos US$ 1,6 bilhão deverá vir de serviços financeiros.