Pesquisa identifica as ferramentas essenciais para a transformação do trabalho e da vida rural

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A incorporação plena de habilidades digitais é fundamental para a transformação positiva do trabalho e da qualidade de vida nos territórios rurais, como mostrou o documento "Habilidades digitais no meio rural: Um imperativo para reduzir desigualdades na América Latina e no Caribe", elaborado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Microsoft.

O documento identificou a estreita relação entre o domínio de habilidades tecnológicas e a produtividade, correlacionando as habilidades digitais com as oportunidades educativas da população rural.

De acordo com parâmetros baseados em dados da União Europeia (2020), o aumento de 1% nas competências simples de TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) é associado a um aumento de 2,5% na produtividade do trabalho; e um aumento de 1% nas competências complexas, a um aumento de 3,7% na produtividade do trabalho.

No entanto, o estudo apresentado revela que 30,5% da população urbana em países pesquisados são capazes, por exemplo, de enviar uma mensagem pela internet com um arquivo anexado, contra apenas 14,1% no campo. Outras bases de dados revelam que 37,6% das pessoas no campo em países pesquisados não usam a internet porque não sabem como; 13,5% por não ter acesso a um dispositivo e 26,2% por não saber o que é internet.

Em publicação anterior divulgada em outubro do ano passado "Conectividade Rural na América Latina – uma ponte para o desenvolvimento sustentável em tempos de pandemia", o IICA, o BID e a Microsoft revelaram que pelos menos 77 milhões de pessoas que vivem em territórios rurais na região carecem de conectividade com padrões mínimos de qualidade. Enquanto 71% da população urbana conta com opções de conectividade, apenas 37% na ruralidade têm a mesma oportunidade.

O documento aborda também o papel central desempenhado pelas escolas rurais na introdução dessas habilidades e na redução da disparidade de gênero existente, após constatar que as meninas têm acesso mais tardio às tecnologias digitais, o que influi nos seus resultados educativos e nas suas oportunidades futuras.

"Os 16 milhões de agricultores familiares que vivem e trabalham nas áreas rurais da América Latina e do Caribe são a espinha dorsal da agricultura, atividade que garante a segurança alimentar e nutricional da região", ressaltou o diretor-geral do IICA, Manuel Otero. "É dever de todos derrubar as novas barreiras que impedem o acesso dos agricultores e das agricultoras ao conhecimento, algo decisivo para melhorar a produção e a renda, e para garantir às suas famílias e às próximas gerações a educação, o trabalho e o enraizamento nos territórios", complementou.

O estudo traça estratégias e políticas para a abordagem das habilidades digitais, entendendo que a contribuição das tecnologias e a sua incorporação na agricultura são fundamentais para a transformação das práticas de produção e do consumo alimentar. E entendendo, ainda, que as tecnologias digitais desempenham um papel destacado ao oferecer alternativas para os problemas e desafios atuais nos territórios rurais em matéria de produção, comercialização e desenvolvimento.

Luciano Braverman, diretor sênior de educação da Microsoft para a América Latina, observou que "a aceleração da adoção de tecnologia continuará a ter um grande impacto na força de trabalho. Não há dúvida de que está sendo criada uma necessidade direta de empregos muito conectada à tecnologia em todas as indústrias. A maioria dos novos empregos tem um componente tecnológico muito importante. Enfrentamos esse desafio, pois muitos dos empregos do futuro ainda não foram inventados e o desenvolvimento dessas novas habilidades para preenche-los é cada vez mais importante".

O documento também identifica as estratégias empregadas na formação em habilidades digitais no meio rural, detalhando aquelas relacionadas com o desenvolvimento da atividade produtiva e da comercialização, a fim de incentivar o uso dessas tecnologias aplicadas à agricultura.

María Caridad Araujo, chefe da divisão de gênero e diversidade do BID, indicou que "o acesso à tecnologia e o domínio das habilidades digitais são condições necessárias para uma transição e adaptação a empregos do futuro que ofereçam mais prosperidade para nossas comunidades e mais equidade para todos. Sabemos das enormes lacunas que caracterizam o setor rural e, dentro deste setor, as desvantagens que as mulheres enfrentam. No BID, estamos trabalhando prioritariamente para a recuperação econômica que é justamente a recuperação para uma sociedade em que as lacunas na participação no trabalho e na participação econômica feminina sejam menores do que as que tínhamos antes. O potencial, as habilidades e o dinamismo das mulheres, devem estar no centro da recuperação econômica da região".

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