"Mudar o mundo sem tomar o poder", mote que se tornou conhecido a partir do livro homônimo do irlandês John Holloway, foi também a frase usada na apresentação do coordenador nacional do projeto Casa Brasil, Edgar Piccino, no Fórum Internacional Software Livre, que começou nesta quinta-feira (12/4) e termina no sábado, em Porto Alegre, para sintetizar as possibilidades dessa nova tecnologia. "A cultura colaborativa do software livre está no centro de uma mudança cultural."
O Projeto Casa Brasil, do governo federal, utiliza softwares livres em parceria com diversos ministérios, órgãos públicos, bancos e empresas estatais para levar inclusão digital às comunidades de baixa renda.
Para Piccino, a comunidade que desenvolve os programas de código aberto leva adiante uma transformação que poderá influir diretamente nos rumos que a tecnologia poderá tomar. Nesse sentido, ele acredita que os softwares livres poderiam ser uma das frentes de uma batalha a favor de um mundo mais colaborativo e menos individualista. "Usamos as brechas do capitalismo para transformar o mundo e tornar irreversível essa mudança." Segundo ele, o uso de softwares de código aberto, que podem ser acessados e alterados por seus usuários, pode trazer uma mudança significativa no modelo atual de construção de conhecimento digital.
O gaúcho Marcelo Branco, que hoje é responsável pela rede de software livre na região espanhola da Catalunha, discorda. Ele diz que o software é "apenas" uma tecnologia, e que não vai criar uma mentalidade nova. "O software livre é uma ferramenta, mas não dá para dizer que ele não tem mais volta ou mesmo que seja uma ideologia de esquerda ou anarquista. Cingapura é uma ditadura e faz uso avançado e extenso do software livre."
Branco acrescenta que esse novo modelo de produção é ideal também para o modelo capitalista. Prova disso seria justamente a crescente aceitação das grandes empresas pelo sistema.
Com informações da Agência Brasil.