'Bancarização' pode tornar país exportador de tecnologia, avalia especialista

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O Brasil está prestes a ingressar na quinta onda da evolução da tecnologia bancária, a qual será marcada pela ampliação do acesso à população aos serviços financeiros por meio de parcerias dos bancos com, por exemplo, agências dos Correios, casas lotéricas e lojas do varejo, entre outras, conhecidas como correspondentes bancários.
Esta é a avaliação do professor Eduardo Henrique Diniz, pesquisador especialista em tecnologia bancária da Fundação Getúlio Vargas, feita durante o Seminário Bancarização, realizado nesta terça-feira, 12, pela Febraban, a federação dos bancos brasileiros.
De acordo com ele, de 1998 até hoje, o país implantou 84 correspondentes bancários, além de 18 agências e 35 postos eletrônicos. "E existem inúmeras oportunidades para ampliar esse número", observa Diniz. Para isso, porém, ele diz que o país precisa ampliar, de fato, o acesso à população de baixa renda aos serviços financeiros formais. O pesquisador ressalta que o projeto de inclusão digital do governo, bem como a edição da Lei 10.735, de setembro de 2003, que obriga os bancos a direcionarem 2% dos depósitos à vista para o microcrédito, são algumas das iniciativas que podem aproximar os bancos da população de menor renda. Mas ele alerta que é preciso mais.
A título de comparação, Diniz cita que nos países desenvolvidos, que englobam a América do Norte, Europa, Austrália e Japão, mais 80% das famílias têm acesso aos serviços financeiros formais, enquanto no Brasil esse índice é de cerca de 40% a 50%. "Existe um relação entre acesso a serviços financeiros formais e desenvolvimento econômico. A pergunta que ainda não se conseguiu responder é qual deles puxa o outro. Mas uma coisa é certa: o Brasil só vai se tornar um país desenvolvido quando superar essa barreira e ampliar o acesso a esses serviços", enfatiza.
Na opinião dele, os bancos públicos têm de ter perspectivas comerciais e, ao mesmo tempo, serem executores de políticas públicas, e os bancos privados tem que ter responsabilidade social. Diniz diz não ver razão para a justificativa dos bancos de não se aproximarem da população de baixa renda, uma vez que as oportunidades de negócios rentáveis nesse estrato social. A expansão dos correspondentes, não visão do professor, também pode contribuir para impulsionar a exportação de tecnologia bancária pelo país, já que existe um grande interesse internacional pelo modelo brasileiro, de acordo com estudos do Banco Mundial. "O Brasil está muito bem preparado, pois, além da tecnologia, detém capacitação. Cerca de 60% a 70% da população do planeta não tem acesso aos serviços financeiros formais. Ou seja, dos 6,5 bilhões de habitantes no mundo, apenas cerca de 3 bilhões ou 30%, considerando apenas a população adulta, têm acesso a esses serviços", explica Diniz, ao justificar porque vê grande potencial no Brasil para se tornar um grande exportador do modelo e de tecnologia bancária.

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