No mundo dos negócios neste início de século XXI, extrair inteligência dos números se tornou fator crítico de sucesso. Embora para alguns setores a análise de dados seja uma necessidade já há algum tempo, a novidade é que, com o avanço da tecnologia e o aumento da concorrência, esta competência agora é determinante no mercado em geral. E com um nível de exigência cada dia mais elevado, com ferramentas e métodos de mensuração extremamente sofisticados.
"Onde os dados vão nos levar?", muitos executivos devem se perguntar hoje em dia? Mais do que uma simples reflexão filosófica, a questão é pertinente porque as respostas indicam caminhos que vão definir a estratégia das empresas daqui para frente.
Para analisar esse novo cenário, vamos começar, claro, pelo que dizem os próprios números – no caso, os de investimentos. Segundo uma pesquisa global da consultoria Gartner, divulgada em setembro, 73% dos entrevistados aplicaram ou pretendiam destinar recursos para projetos relacionados ao Big Data nos próximos dois anos. O reverso da moeda também é verdade: o número de companhias sem planos para essa área caiu de 31%, em 2013, para 24% no ano passado.
Números
Em fevereiro, outra pesquisa confirmou a tendência de aumento no uso inteligente dos dados. Um estudo internacional da Duke University, com 288 CMOs, apontou que o orçamento de marketing destinado a analytics deve passar dos atuais 6,4% para 11,7% em 2018. Segundo o levantamento, o principal desafio para as empresas não é a produção de dados, mas a sua utilização.
Um dos reflexos diretos da importância estratégica dos dados nos negócios é que setores inteiros da economia estão sendo radicalmente transformados por eles. E esse movimento deve se acentuar em 2015, quando a convergência entre Big Data e Internet das Coisas se apresenta como uma forte tendência no mercado.
O que representa a intersecção dessas duas disciplinas da tecnologia? Não tenha dúvidas de que o impacto disso para as empresas é grande. A Internet das Coisas é assim chamada por conectar à rede objetos e máquinas diversos, como eletrodomésticos, vestuário, meios de transporte, sistemas de empresas, relógios e eletroeletrônicos, além de computadores e smartphones.
Sem barreiras
Assim, em breve não haverá mais barreiras entre os mundos físico e digital. Conectados por meio de dispositivos que se comunicam entre si, eles se tornarão um só. Para dar um exemplo simples, pense num relógio inteligente, como os que foram lançados recentemente por grandes companhias de tecnologia.
Integrados a sistemas operacionais, eles funcionam como extensão dos smartphones e facilitam acesso a aplicativos e email. Além disso, podem coletar informações sobre trânsito e localização, previsão do tempo, atender a chamadas telefônicas sem que se tire o celular do bolso e monitorar batimentos cardíacos etc.
A tendência é que logo ele – ou qualquer outra tecnologia "vestível" – se comunique com sua residência ou seu carro e passe comandos sobre atividades que dizem respeito a você, o ser humano de carne e osso. Os veículos modernos, aliás, hoje já são uma espécie de data centers móveis, tamanha a sofisticação dos softwares embarcados.
Revolução em curso
Esses são apenas simples exemplos de uma revolução em curso. Isso quer dizer que haverá uma massa de dados ainda maior gerada pelo usuário comum e pelas empresas nos próximos anos. Para que servirão esses dados? Como dar sentido a eles?
Se não houver inteligência no processo de análise, não servirão para nada. É aí que entra o Big Data. Decupar essa imensa quantidade de informações que circula entre equipamentos e pessoas e apenas entre as máquinas é o ouro do século XXI. Afinal, os objetos conectados passarão a ser extensões da vida das pessoas e das estratégias de mobilidade das empresas.
Nesse cenário, o principal desafio será a escolha e o gerenciamento dos diferentes métodos de análises de dados. O ponto de partida para lidar com esse universo infindável é definir os objetivos da estratégia digital da companhia. O gestor deve avaliar qual o diferencial de sua marca e o posicionamento buscado – e onde quer chegar.
Os KPIs, por exemplo, servem para mensurar os objetivos principais. Outro ponto importante é internalizar a inteligência e a estratégia. De nada adianta imaginar que um software de analytics resolverá todos os problemas. Ele é como um foguete: sobe, mas precisa de bons pilotos para levar ao destino correto.
Personalização
Com a combinação entre Big Data e Internet das Coisas, a tendência é o avanço da personalização de produtos e serviços, que alcançará um grau de complexidade inimaginável há até pouco tempo.
Embora o mercado ainda esteja no início desse processo, de uma coisa não há dúvidas: as marcas que se prepararem melhor para obter inteligência a partir das informações geradas pelos consumidores nesse novo ambiente – onde há internet em tudo, inclusive no corpo! -, estarão na dianteira dessa nova era. Serão as empresas do futuro.
Edouard Hieaux, country manager da AT Internet no Brasil.