O mercado de TIC passa por uma avalanche de mudanças conceituais, táticas e estratégicas que estão transformando a relação usuário/informação e também o conteúdo desta informação. A base da informação digital era definida por dados e tardiamente integrada à voz e depois ao vídeo. Agora, o que conhecemos como informação traz em si um conjunto de componentes inéditos como imagem, áudio, 3D, etc. É importante levar em consideração, também, que estas informações estão circulando e crescendo de forma desenfreada, nas proporções de Zetabytes, dentro do que a indústria vem chamando de Terceira Plataforma ou mesmo de Quarta Onda. Para equalizar a leitura, este novo ambiente considera mobilidade (acesso por BYOD), redes sociais (meio comum de comunicação mandatório), Cloud (infraestrutura de transporte) e Big Data+Analytcs (o gerador de informações para tomada de decisões).
Neste cenário, emprestemos os olhos e pensamento decisório dos CIO's e vamos analisar o futuro de seu ambiente de TI. No dia a dia, este CIO sabe que seus usuários acessam as informações corporativas internas, regrados por fortes mecanismos de segurança e governança. Mas esses funcionários também acessam, invariavelmente, informações externas armazenadas em nuvem, em ambientes desconhecidos. Estatísticas mostram que os CIO's não têm noção do volume de acesso externo realizado por estes usuários. Pior do que isto: as estatísticas mostram que o acesso externo é pelo menos 10 vezes maior do que o imaginado.
O princípio do uso de cloud computing é, seguramente, uma decisão que pode institucionalizar e melhor controlar os acessos a aplicações externas. Muitas corporações estão adotando o uso de cloud privada, o que permite o uso, provisionamento, tarifação e disponibilização de uma série de serviços de TI (Aplicações, storage, maquinas virtuais, etc.), dentro de regras claras, definidas e muito bem contabilizadas.
Os CIO's sabem, no entanto, que isso não é suficiente. Afinal, o uso de cloud privada não demonstra sensíveis reduções de custos/investimentos e nem tampouco coloca o ambiente de TI em modelo "as a service" ou mesmo on demand. Para complementar os serviços a ser disponibilizados e garantir segurança e eficiência, os CIO's começam a fazer estudos e implementações que mostram que os ambientes de cloud híbridas formam uma tendência mundial.
O ambiente híbrido considera parte das soluções em cloud privada e parte em cloud pública; isso é feito, porém, sobre os mesmos orquestradores e mecanismos de segurança e regras de governança que regem o mundo de TI corporativo. Este balanceamento não é trivial e exige um conjunto de estudos e métodos para melhor aproveitamento de cada um desses dois mundos – o público e o privado.
Parece óbvio que uma aplicação que roda 7 dias por semana e 24 horas por dia terá menor custo em nuvem privada do que em uma rede pública. Encontrar e definir esse ambiente, porém, não é um processo tão descomplicado quanto parece. Além disto, os ambientes elásticos, como laboratórios de desenvolvimento, ou mesmo ambientes de backup, devem buscar as melhores soluções de nuvem. Essa busca deve ser feita a partir do levantamento do que é mais adequado para atender a cada necessidade, com atenção ao tripé Performance X Custos X Riscos.
Independentemente da definição e das especificações sobre que ambientes estarão em cada espaço na nuvem, é inevitável a tendência do uso de ambientes híbridos. É importante ressaltar que esta mistura de ambientes gera um risco operacional que deve ser mitigado em tempos de desenho de arquitetura de projeto e migração.
Estas transformações na indústria e no uso dos ambientes vêm mostrando que os fabricantes estão redefinindo suas estratégias e criando grandes confederações que possibilitarão a interconexão das diversas nuvens. O desafio dos CIO's de hoje é definir o que vai ao ambiente público e o que fica no on premises (em conceito de nuvem privada…). Mas no futuro de curto prazo será possível movimentar seus ambientes virtualizados (máquinas, políticas de segurança, recursos de rede, desktops/servers virtuais) de uma nuvem do provedor A para o provedor B. Isso será feito sem grandes barreiras e riscos. Padrões já estão a caminho e desenham uma nova Internet que vem com muito mais do que eficientes mecanismos de endereçamento – mecanismos que foram definidos desde o IPv6, ha mais de 10 anos.
A Internet do Futuro está sendo criada para ser a cloud das clouds, de maneira que as corporações vão comprar recursos virtuais em nuvens públicas e poderão movimentá-las e trocar de provedor ao toque do orquestrador. Hoje o SDN, SDDC, SDS (Software Defined Network, Software Defined Data Center, Software Defined Storage) são os responsáveis por possibilitar isto, junto com padrões como o Openstack (Openflow), que permite provisionamento e orquestração mais padronizadas, embora ainda um pouco imaturas.
Parece sonho, mas estamos próximos desta realidade. Alguns fabricantes propõem as federações de Datacenters e ambientes de cloud de maneira a possibilitar estas movimentações de forma harmônica e tecnicamente viável… Este é o segredo do negócio!!! Outros, muito grandes e líderes, querem definir o padrão, mesmo usando openflow por debaixo de suas próprias plataformas.
A conclusão é como alguém pode querer ser o dono da Internet do Futuro se ela será composta por um conjunto de clouds híbridas interconectadas, ou mesmo de um gigantesco número de clouds públicas interconectadas e dando acesso aos usuários via cloud privada… Parece muita pretensão, mas é realidade para algumas empresas. É algo que a IBM sonhou na década de 70 quando lançou o mainframe com conceito de cloud!!!
Ao final, haverá espaço para vários provedores, desde que todos falem a mesma língua beneficiando aos usuários e às corporações. Estejam atentos que 2015 será um ano de grandes transformações, principalmente com o crescimento do uso da Internet das Coisas e do rich media (áudio, vídeo e imagem ).
Paulo Henrique Pichini, CEO & President da Go2neXt Cloud Computing Builder & Integrator