Analistas veem com desconfiança resultado de IPO do LinkedIn

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Apesar de não estar crescendo rápido o suficiente para justificar seu valor de mercado, o LinkedIn, site de relacionamentos especializado em contatos profissionais, teve inquestionavelmente uma estréia retumbante na Bolsa de Nova York no dia 19 de maio. As ações da rede social mais do que dobravam de valor, chegando a subir 126%, cotadas acima de US$ 101,80, ante o preço da oferta pública inicial (IPO) de US$ 45. Com isso, o valor de mercado da empresa superou os US$ 8 bilhões. Após o pico, os papéis da empresa encerram o pregão daquele dia com alta de 109% em seu primeiro dia de negociação. Embora o entusiasmo tenha diminuído um pouco no dia seguinte, as ações do LinkedIn ainda assim fecharam a semana valendo em torno de US$ 93, mais que o dobro do preço da oferta inicial. No decorrer da semana seguinte, a ação que deveria estar sendo negociada nem abaixo do fechamento da sexta-feira, 20 de maio, foi negociada acima dos U$ 88.
O desempenho impressionante da rede social na bolsa fez soar o alarme em Wall Street, só não o de abertura dos pregões, mas o de alerta. Analistas de mercado começam a questionar a até quando essa performance irá se manter. Alguns chegam até mesmo a falar em uma bolha especulativa, nos moldes do que ocorreu no fim da década de 1990, quando o mercado em torno das chamadas pontocom começou a inflar. Em seu primeiro dia de negociação em 1995, as ações da Netscape dobraram de preço. As do Yahoo subiram 154% na oferta inicial feita em 1996, e os papéis do TheGlobe.com subiram de US$ 9 para US$ 97 no primeiro dia de negociação em 1998, dando-lhe uma valorização de cerca de US$ 850 milhões.
O IPO do LinkedIn foi o quinto mais alto desde 2001, atrás apenas do site chinês Baidu, que alcançou nada menos que 354% em sua estréia em 2005, na Bolsa de Nova York. "Em ambos os casos, durante a bolha da internet nos anos 1990 e agora, os investidores estão fazendo algumas avaliações muito otimistas", alertou Jay Ritter, professor de finanças da Universidade da Flórida, ouvido pelo New York Times.
Ainda assim, parte dos analistas hesita em proclamar que o mercado está à beira de outra bolha de tecnologia ou está regressando aos dias em que novas empresas não rentáveis eram avaliadas em bilhões de dólares. "O LinkedIn não é uma empresa que tem o valor em page views. E não estamos falando de uma start-up", ressaltou Matt Therian, analista de pesquisa da Renaissance Capital. "Trata-se de uma empresa cuja receita cresceu 110% no primeiro trimestre e, na verdade, tornou-se lucrativa."
Há uma corrente que sustenta que o LinkedIn se beneficiou da expectativa em torno da abertura de capital pelo Facebook, prevista para o próximo ano. "Você realmente imagina que o LinkedIn poderia ter chegado a este valor se não fosse a excitação em torno do Facebook", questionou Kevin Landis, o diretor de investimentos do Firsthand Funds, que acompanhou o boom da tecnologia e sua derrocada uma década atrás. Há outros analistas que sustentam que a alta impressionante das ações se deve a uma escassez que não vai durar. Além disso, os IPOs continuam a ser raros e isso pode ter elevado os preços das ações. A título de ilustração, basta lembrar que somente 154 empresas abriram o capital em 2010 e apenas 63 até agora neste ano, comparado com 486 em 1999. Para esses analistas, a grande questão que se coloca é se o LinkedIn está destinado a se tornar o próximo Google ou a Amazon, ou se é outra TheGlobe.com, que tinha um centavo em ações em 2001, quando a bolha das pontocom estourou.
Se tomar como base a avaliação dos investidores, o LinkedIn vai mostrar um crescimento fenomenal. Afinal, com o IPO a empresa levantou US$ 353,8 milhões, no qual vendeu apenas 8% de participação, ou 7,84 milhões de ações. Mas há analistas que preveem que a queda será inevitável. E isso, só o tempo dirá.

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