O tráfego móvel no Brasil terá crescimento de 11 vezes entre 2013 e 2018, chegando a 440 Petabytes por mês ao final do período, de acordo com o estudo Virtual Network Index (VNI) divulgado pela Cisco na quarta, 11. A empresa afirma que isso é um crescimento quatro vezes maior do que o avanço do tráfego de dados fixos no período. Assim, a participação da banda larga móvel sairá de 2% de todo o tráfego IP em 2013 no País para 11% em 2018, quando a quantidade de tráfego passando nas redes será equivalente a 40 vezes o volume de toda a Internet brasileira em 2005.
Haverá 645 milhões de aparelhos conectados, ou 3,1 aparelhos per capita, contra os atuais 418,5 milhões e 2,1 per capita em 2013. A tendência de mobilidade no País também deverá se confirmar: mais da metade (55%) de todos os dispositivos conectados serão móveis.
Um dos pontos ressaltados pelo estudo da Cisco é o avanço da Internet das Coisas no País, sobretudo com a desoneração na cobrança do Fistel nas conexões máquina-a-máquina (M2M). A empresa diz que os acessos por meio desses módulos terão aumento de 23,5% em CAGR, totalizando 187,5 milhões de conexões (ou 29% de todos os dispositivos conectados). O aumento total será na ordem de três vezes, e o tráfego M2M corresponderá a 1,7% de todo o tráfego IP em 2018 (atualmente é de 0,2%). Enquanto a participação de PCs cai de 16% para 10% no período, a de tablets crescerá 44% CAGR (total de 30,1 milhões de aparelhos, share de 5%) e a de smartphones será de 27% (175,1 milhões, CAGR de 19,4%).
Por sua vez, TVs conectadas passarão de 4% de participação para 13% (84,5 milhões) em 2018. As TVs 4K, por sinal, serão 22% (88,1 milhões) de todo o mercado de tela plana em 2018, comparando com 0,1% em 2013.
PCs sairão de 92% em 2013 para 68% de todo o tráfego IP no final do período. TVs serão 12% (contra 5%) e dispositivos móveis (smartphones e tablets) sairão de 3% para 19%.
Andrés Maz, diretor de política da Cisco América Latina, afirma que, para permitir o crescimento previsto, é necessário rever as políticas no setor na região. "É essencial que as redes possam ser gerenciadas, as regulações terão que diminuir porque são dramaticamente nocivas para a indústria", afirma. Ele diz que há mais necessidade de espectro, licenciado e não licenciado. "O Wi-Fi vai ser determinante para o crescimento de Internet e para o crescimento de M2M", diz.
Na visão dele, o tamanho da economia que a Internet está criando é importante de ser considerado na América Latina, não apenas sob o ponto de vista dos setores de telecomunicações e TI. "Vamos ver políticas públicas que vão acelerar (o mercado) ao fechar as brechas que existem e são visíveis", avalia Maz.
Sem fio
O Wi-Fi a partir de acesso fixo irá crescer quatro pontos percentuais no País, de acordo com o VNI, chegando a 57% de todo o tráfego IP em 2018. Já o acesso com fio declinará de 44% para 31% nesse período. O tráfego móvel foi 2% do total IP em 2013, mas será 11% em 2018. No comparativo com tráfego de Internet, Wi-Fi será 62,7% (contra 56,1%); o acesso por fios será de 25% (contra 41%) e a Internet móvel será 12,7% de todo o tráfego de rede contra 2,7% em 2013.
"No Brasil, espera-se que a velocidade do Wi-Fi saia de 4,8 Mbps em 2013 para 10 Mbps em 2018, um crescimento de duas vezes", diz o diretor de service providers da Cisco América Latina, Lucas Olocco. Segundo ele, há uma tendência forte para o uso da tecnologia em offload, até para proporcionar uma velocidade melhor para o usuário. "Em geral, usamos o Wi-Fi (em hotspots) pela experiência. Se não estamos viajando (evitando o roaming de dados), é mais pela experiência do usuário", explica. "Para a própria telco, 1 GB transmitido pela rede Wi-Fi é mais barato se comparado com o LTE, a diferença de custo é de dois para um. Mas tem que ser automático, se não o usuário não vê benefício". Segundo ele, em países onde o LTE é melhor difundido, a tendência é de não haver escoamento tão acentuado.