As vendas globais de computadores pessoais recuaram 4,5% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015, para 62,4 milhões de unidades, informou nesta quarta-feira, 12, a IDC. A queda constatada pela consultoria é um pouco menor do que a registrada pelo instituto de pesquisas Gartner, que indicou um recuo de 5,2% entre abril e junho deste ano.
A retração é também 3% menor que a projeção feita pela própira IDC no início do trimestre, que era de -7,4%. Mas isso não significa que o mercado melhorou. De acordo com estudo, intitulado IDC Worldwide Quartely PC Tracker, apenas os Estados Unidos tiveram desempenho melhor, refletindo a força do dólar americano e a estabilidade relativa do mercado.
A melhoria nos níveis gerais de estoques nos canais de venda, juntamente com a flexibilização no fornecimento de componentes, parece ter contribuído para amenizar a queda nas vendas. Contudo, essas situações não refletem necessariamente uma mudança na intenção de compra do consumidor. Tanto que os canais de vendas de PCs permanecem bastante cautelosos, o que não permite elevar a previsão para o ano, diz a IDC.
O único alento, segundo a consultoria, é que a melhoria dos níveis de estoque pode colocar o mercado em uma situação melhor no segundo semestre. Outro dado favorável é que a expiração do prazo da atualização gratuita para o Windows 10 pode incentivar alguns usuários a adquirirem novos sistemas em vez de atualizar os mais velhos. Projeções apontam que as vendas do Windows 10 devem crescer no curto prazo e também contribuir para o aumento relativo das remessas de PCs, principalmente nos EUA.
"O mercado de PCs continua retraindo, enquanto aguardamos a substituição das máquinas mais antigas para que haja uma aceleração, juntamente com a retomada das vendas de telefones celulares, tablets e outros bens de TI", avalia Loren Loverde, vice-presidente mundial da IDC e coordenadora da pesquisa. "Nossa visão de longo prazo permanece no âmbito da precaução. No entanto, os bons resultados nos EUA no trimestre oferecem a possibilidade vislumbrar algum crescimento e um ambiente global mais favorável. Não será um crescimento exponencial, mas poderá impulsionar o mercado e melhorar nossa previsão para 2018."
Competição acirrada
A Lenovo se manteve na liderança do mercado mundial de PCs e continuou seu forte crescimento no mercado dos EUA. No entanto, as remessas para outros mercados continuaram a diminuir, puxando para baixo o crescimento global. A vantagem da Lenovo em termos de participação nas remessas totais de PCs diminuiu em relação ao ano passado, de 1,8% há um ano para 0,4% no segundo trimestre. No entanto, a margem de liderança tem flutuado desde que a fabricante chinesa assumiu a liderança em 2013. O segundo trimestre deste ano marcou a maior vantagem que Lenovo já teve, e a empresa aumentou a sua participação global em 21,7% no quarto trimestre de 2015 (veja gráfico abaixo).
A HP Inc. teve um trimestre sólido, com crescimento após um ano de declínio. Os EUA lideraram o crescimento regional da empresa, com um ganho de 11,5% em relação ao ano passado, quando a se recuperou de trimestres ruins. A fabricante americana também registrou crescimento em outras regiões. O mesmo ocorreu com a Dell, que também teve um trimestre produtivo, com o crescimento mundial em mais de 4%. A Dell conseguiu uma forte recuperação no Japão, ao mesmo tempo, impulsionar o crescimento nos Estados Unidos, embora na região chamada de EMEA — que engloba Europa, Oriente Médio e África — os resultados tenham sido fracos.
A taiwanesa Asus também se recuperou no segundo trimestre, ficando, inclusive, à frente da Apple, no quarto lugar, em volume de computadores embarcados. A Apple teve um trimestre particularmente ruim, com crescimento negativo de 8,3%, enquanto a Asus registrou crescimento de 5,4%. A Apple continua a enfrentar um mercado cada vez mais competitivo e, como resultado, as vendas sofreram um declínio em relação ao ano passado (veja tabela abaixo).
Efeito Brexit
Embora em todas as regiões do planeta as vendas tenham se mantido ruins, o relatório é bastante cético em relação à Europa. Mesmo com a melhoria geral do cenário econômico, o mercado de PCs continua a enfrentar desafios significativos, e com a possibilidade de estabilização um mais pouco frágil no longo prazo.
Os resultados preliminares também não avaliaram ainda os efeitos da Brexit — a saída da Grã Bretanha da União Europeia —, ma que sem dúvida deve afetar os planos de gastos na Europa, avalia Jay Chou, gerente de pesquisa da IDC. "Continuamos a acompanhar de perto a evolução da situação, mas os resultados do segundo trimestre não devem ser interpretados como o prenúncio de melhorias significativas para o mercado de PCs."