A procura por soluções de segurança voltadas às novas demandas surgidas com a pandemia da covid-19 aumentou 40%, segundo pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica (Abese), feita entre indústrias, distribuidores e prestadores de serviço de todo o país nos meses de abril e maio. O estudo ouviu 227 empresas, o que equivale a cerca de 2% do setor, e mostrou que, entre as tecnologias mais buscadas, estão o reconhecimento facial e as câmeras térmicas.
Elas representavam, antes da pandemia, 6,2% das vendas do segmento e eram utilizadas principalmente para segurança. Depois do início da quarentena, a comercialização desse equipamento aumentou para 13,7%. Isso se deve ao fato de que esse equipamento é capaz de identificar indivíduos com temperatura acima de 37,8°C, mostrando quadro de febre, um dos sintomas da covid-19.
Novos protocolos sanitários
No caso das câmeras com reconhecimento facial, o crescimento foi de 12,3%, em função das exigências dos novos protocolos sanitários e da necessidade de evitar interações dentro de condomínios residenciais e empresas, já que esse tipo de equipamento funciona de forma autônoma, identificando as pessoas e possibilitando maior segurança em locais de acesso restrito.
Segundo a pesquisa, houve aumento de 20% na procura pela portaria remota, uma ferramenta que permite o atendimento em condomínios e empresas a distância.
Os empresários (17,6%) também responderam que houve expansão no segmento residencial, principalmente das soluções de monitoramento a distância de casas de veraneio que ficaram vazias devido às regras do isolamento social.
Segundo a presidente da Abese, Selma Migliori, com o aumento da procura desse tipo de solução o setor tem procurado aprimorar o que já existia, colocando ferramentas mais eficazes e lançando produtos que, em sua avaliação, devem ajudar em todo o processo a partir do próximo ano.
"Temos que dar destaque para as tecnologias que, de alguma forma, colaboram com esse momento da pandemia. Antigamente, as câmeras térmicas eram utilizadas com outras finalidades pelo Exército, e, nesse momento, a indústria começou a adequar essa tecnologia para a necessidade atual, para auxiliar grandes empreendimentos principalmente na retomada das atividades", disse ela.
Acrescentou que, devido a essa procura, 65,2% das empresas não demitiram nenhum funcionário e 20,3% contrataram novos colaboradores durante o mesmo período.
"Por isso, percebemos que é um setor realmente essencial nesse momento no sentido de implantar tecnologias que colaborem com o cenário atual. Não houve crescimento de negócios durante a pandemia, mas há uma demanda reprimida e há indícios de futuras implantações. A expectativa é de aumento na procura e na implantação, gerando crescimento".
A pesquisa indica, também, que há novas oportunidades de vagas para o setor: 7,9% dos entrevistados afirmaram que ainda não efetivaram as contratações, mas estão em busca de novos talentos. Entre as áreas com mais oportunidades estão: área técnica (39,6%), área comercial (27,8%) e marketing (11%).
Hospitais e shoppings
Selma ressaltou que alguns dos empreendimentos – que costumam fazer planos de segurança em um determinado momento do projeto sem tanta preocupação quanto à previsão da tecnologia, como shopping centers, grandes indústrias, hospitais e supermercados – têm procurado prever essas ferramentas também para o entorno dos estabelecimentos e não só em seu interior.
"A segurança começa de fora. Por isso, entendemos que há essa demanda reprimida e, após a pandemia, o setor deve crescer ainda mais com esses negócios efetivados e com essa preocupação em garantir a segurança do acesso verificando pessoas que podem colocar em risco a saúde de outras" explicou.
Segundo a Abrese, o setor de segurança eletrônica é responsável por gerar mais de 250 mil empregos diretos e mais de dois milhões indiretos. Em 2019, o mercado de segurança eletrônica no Brasil faturou R$ 7,17 bilhões. As informações são da Agência Brasil.