Assim como acontece nos Estados Unidos, o Google vai ser alvo de uma análise profunda da Comissão Européia sobre o impacto da compra da agência de publicidade online DoubleClick para a concorrência no mercado. O órgão regulador está preocupado com o efeito da fusão das duas empresas para outros competidores no mercado de internet e sua capacidade de responder à poderosa aliança, segundo o jornal britânico Financial Times.
Em comunicado, a Comissão disse que uma primeira investigação indicou "que a fusão trará problemas de concorrência nos mercados de intermediação e veiculação de publicidade online". Ela agora tem até 2 de abril do próximo ano para chegar a uma decisão final.
A notícia ganhou dimensão nesta terça-feira (13/11) devido à proximidade da decisão da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês), que também está investigando o negócio entre as duas empresas e cujo resultado é esperado para antes do fim do ano. Embora nem mesmo os adversários do Google acreditem que o órgão antitruste americano vá fazer objeções significativas à aliança, os analistas acham que o sinal emitido recentemente pela Comissão Européia no processo antitruste movido contra a Microsoft pode trazer riscos, sim, para o negócio.
De acordo com Rebecca Arbogasto, analista da consultoria americana Stifel Nicolaus, a pressão exercida pelo órgão baseado em Bruxelas no caso da Microsoft aumenta muito as chances de que o Google venha ter de fazer concessões antes de fechar a compra da DoubleClick para poder atuar no mercado europeu.
Embora numa tentativa de se antecipar a possíveis restrições das autoridades antitruste européias o Google já tenha adiantado que irá rever algumas práticas empresariais após a conclusão da operação, ele não deu até agora detalhes sobre o que seria modificado.
Nos EUA, a FTC recebeu reclamações de grupos de privacidade, entre eles o Centro de Informação para Privacidade Eletrônica (EPIC, na sigla em inglês) e do Centro para Democracia Digital (CDD) solicitando que o acordo fosse barrado, a menos que o Google garantisse a privacidade dos usuários, incluindo deletar informações que pudessem identificar o usuário após ele encerrar sua sessão em uma página do site de buscas.
Advogados especializados em privacidade têm manifestado receio sobre a operação, alegando que Google tem muitos dados sobre os usuários e seus hábitos de navegação na web.
O Google disse em comunicado que estava decepcionado com o anúncio da Comissão Européia, mas afirmou que continuará a trabalhar com o órgão antitruste ?para demonstrar como a nossa proposta de aquisição irá beneficiar os editores, anunciantes e consumidores". "Para evitar novos atrasos que poderiam nos colocar numa posição de desvantagem na competição com a Microsoft, Yahoo, AOL e outros, vamos procurar mostrar que outras aquisições no altamente competitivo mercado publicitário já foram aprovadas", disse no documento.
Nesta terça à noite, a Comissão Européia informou que foco do inquérito será analisar se, sem a aquisição, a DoubleClick teria crescido de forma a se tornar um concorrente efetivo do Google no mercado de intermediação de anúncios online.
A fusão foi muito atacada por alguns dos concorrentes do Google, incluindo Microsoft e Yahoo, que sustentam que a operação dará ao Google uma posição dominante no mercado florescente publicidade na internet.