Com data-base para reajuste salarial da categoria em 1º janeiro, o Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação (Sindpd) definiu, em assembleia realizada neste fim de semana, as estratégias e a pauta de reivindicações dos trabalhadores de tecnologia da informação no estado de São Paulo. No total foram realizadas, em todo o estado, 11 rodadas de discussão em que foram aprovados os termos para a negociação com o sindicato patronal na campanha salarial do próximo ano. Ao todo foram feitas 19 alterações nas cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho, documento que define os direitos e deveres da categoria.
Para 2012, os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 11%, implantação de novos pisos, além de consolidar os direitos adquiridos este ano na campanha salarial, como a participação nos lucros e resultados (PLR) e o vale refeição (VR). A preocupação de já definir o percentual de reposição salarial se deve ao fato de que neste ano o aumento ter ido a dissídio no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O exame do TRT decorreu do fracasso nas negociações com o Sindicato das Empresas de Processamento de Dados e Serviços de Informática do Estado de São Paulo (Seprosp).
Os trabalhadores reivindicavam reajuste salarial de 13,4% – índice no qual estavam incluídos o percentual de elevação do PIB mais a inflação do período –, o que foi rejeitado pelas empresas do setor. O TRT fixou em 7,5% o índice de reajuste salarial dos empregados, mas o Seprosp recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) contra inclusão nas cláusulas sociais do PLR e o VR definidas no dissídio pelo TRT, pontos que ainda estão pendentes, já que houve o pedido de efeito suspensivo até que o TST julgue a questão. Caso o tribunal decida pela manutenção, as empresas do setor terão de pagar o vale refeição com valor retroativo a 1º de janeiro de 2011.
"Vamos para a mesa de negociação com esses objetivos. Queremos consolidar os direitos e aumentar os benefícios. Este ano estamos mais fortes, unidos e consolidados", afirma Antonio Neto, presidente do Sindpd. Ele observa que o mercado de TI vive um bom momento, com índices de crescimento com mais de dois dígitos. Segundo a consultoria IDC, o segmento expandiu 13% em 2011. Para a Brasscom, a porcentagem chega a 15%. "Os funcionários das empresas de TI conhecem esses números e querem ser valorizados pelas companhias nas quais trabalham. O mercado está aquecido e os trabalhadores vão para a mesa de negociação fortalecidos", avalia Neto.
Mas as negociações não devem ser nada fáceis. Neste ano, o Seprosp fez uma proposta inicial de reajuste de 5,9%, muito abaixo, inclusive, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano passado, que ficou em 6,4%, calculado pelo IBGE, e que é usado como parâmetro para reajustar salários em negociações trabalhistas. Em fevereiro, o sindicato patronal chegou até a aumentar a proposta para 6,47%, mas que ficou, novamente, bem abaixo da reivindicação do Sindpd.