A inovação tornou-se algo imperativo nos dias atuais. As pessoas estão cada vez mais interessadas em novos gadgets como apps, smartphones, câmeras, impressoras 3D, entre outros. A maioria afirma ser inovadora e que a empresa onde trabalha também. Mas, será que as organizações e os profissionais apresentam de fato este espírito inovador? Colocam em prática aquilo que está tão presente nos discursos? Não adianta apenas pensar e falar sobre, é preciso ir além.
Definir o que é a inovação não é fácil e algumas vezes chega a ser confundida com estratégia. É comum atribuir a ideia a grandes mudanças, mas esta característica pode estar presente, também, nos pequenos processos. Aliás, alternativas encontradas para mudar procedimentos menores podem ter impacto muito mais significativo em nosso dia a dia e, porque não, nos negócios. Inovar é, antes de mais nada, encontrar novas formas de executar antigas tarefas. Porém, é importante lembrar que um processo inovador pode ser interessante e necessário para uma empresa e, para outra, não fazer nenhum sentido.
O conceito de wearable devices, por exemplo, é recente e ainda não sabemos quais serão os seus impactos no mercado. Por enquanto, o maior desafio é ultrapassar esta onda de novidade e tornar os dispositivos vestíveis indispensáveis em nosso cotidiano. Acompanhamos o lançamento do Google Glass e ficamos eufóricos com as possibilidades, mas ainda não é considerado um wearable imprescindível e existem poucos apps realmente focados nos vestíveis.
Mesmo assim, o Gartner já prevê que os wearable gadgets impulsionarão 50% de todas as interações de aplicativos em 2017. A Intel apresentou recentemente a sua nova geração de chips voltados para este tipo de dispositivo, com o tamanho de um botão. Isso significa que o típico usuário mobile compartilhará informações com diversos aplicativos e serviços todos os dias, com aplicações conectadas à Internet e gadgets vestíveis. O número antecipa um movimento inovador expressivo.
Em relação às empresas, o que se vê ainda é bastante divergente do discurso. As organizações são avaliadas por seus resultados concretos a cada período que levam em consideração o atual modelo de negócios de cada uma delas, não os negócios futuros.
Iniciativas inovadoras são engavetadas todo tempo justamente porque os líderes são obrigados a focarem no agora, no imediatismo do presente, amarrados aos resultados financeiros do trimestre. Quando o assunto é inovar, a maioria das empresas prefere investir em projetos com pouca probabilidade de erros. A inovação não está enraizada na maioria das empresas brasileiras e, de fato, está longe de ser uma prioridade.
O Vale do Silício é exemplo sobre como a inovação, se combinada às máximas de empreendedorismo e à tecnologia, pode dar certo. Esta região dos EUA foi berço de grandes projetos e serviu de inspiração para diferentes mercados globais. No Brasil, existem também inciativas de sucesso como o Porto Digital em Pernambuco, o Polo Tecnológico São José dos Campos em São Paulo, o Tecnopuc e o Tecnosinos no Rio Grande do Sul e o Celta em Santa Catarina. As regiões foram inseridas no cenário da inovação por seu empreendedorismo.
Outro exemplo positivo é a Lei do Bem que estimula o fomento em inovação por parte do setor privado para potencializar os resultados de P&D (Projetos e Desenvolvimento). De acordo com a FINEP, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o crédito para projetos de inovação aumentou dez vezes em quatro anos. Se em 2011 foram destinados R$ 1,1 bilhão para essa finalidade, a projeção para 2014 é de que a cifra tenha alcançado R$ 10 bilhões.
As medidas inovadoras adotadas pelas companhias brasileiras ainda são discretas e muito focadas no aumento de produtividade, diminuição de custos e a redução de desperdícios. Claro que esses três pilares impulsionam a competitividade saudável do mercado, mas vale lembrar que a inovação não deve estar sempre atrelada ao objetivo final e sim ao caminho para fazer prosperar processos e negócios. É preciso ter um olhar atento a este conceito para diferenciar-se no meio de tantas empresas. Quanto mais inovadora a empresa, maiores as possibilidades de obter sucesso nos negócios.
Nei Tremarin, CMO (Chief Marketing Officer) do Mercado Eletrônico.