A venda de computadores pessoais no Brasil registrou queda de 30% em 2015 na comparação com o ano anterior, com a comercialização de 14,2 milhões de unidades. Para este, a previsão é que as vendas cresçam 7%, atingindo 15,2 milhões de unidades. O desempenho fraco é atribuído não só ao cenário econômico do país, mas também à migração do tipo de máquinas adquiridas pelas empresas. A expectativa é que apenas após 2018 tenhamos o mesmo nível de vendas de dois anos atrás.
Essas são algumas das conclusões da pesquisa sobre Administração e Uso da TI nas Empresas divulgadas nesta quinta-feira, 14, pelo GVcia – Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP), que mostra um amplo retrato do mercado de hardware, software e uso em 8 mil grandes e médias empresas com 2.500 respostas válidas.
Segundo o professor Fernando S. Meirelles, professor titular de TI e fundador da GVcia, coordenador da pesquisa, os valores e estudos divulgados comprovam o crescente processo de informatização das empresas, da sociedade e do retorno que ela propicia. "Nas indústrias de capital aberto, durante a última década, para cada 1% a mais de gasto e investimento em TI, depois de dois anos, o lucro aumentou 7%", exemplifica.
A pesquisa desse ano também traz números inéditos, como a inclusão de smartphones na mostra, revelando que o Brasil conta com 244 milhões de dispositivos móveis conectáveis a Internet (notebook, tablet e smartphone), uma proporção de 1,2 dispositivos portáteis wireless por habitante. A penetração de smartphones é na proporção de seis unidades para cada tablet ou notebook vendido.
Com isso a base instalada até o final do ano passado atinge 166 milhões de computadores (desktop, notebook e tablet) em uso no Brasil, isto é: 4 computadores para cada 5 habitantes (80% per capita), sendo 30 milhões de tablets. O gasto e investimento em TI ficaram estáveis em 7,6% do faturamento líquido de médias e grandes empresas.
Para manter essa base instalada, o custo anual por usuário continua crescendo e atingiu R$ 34,1 mil na média. Esse custo por setor é de R$ 37,7 mil em Serviços; R$ 30,8 mil na Indústria; R$ 22,4 mil em Comércio. No entanto, os bancos apresentam uma média bem maior, R$ 67 mil, pois segundo Meirelles, o setor conta em sua maioria com infraestrutura de TI própria.
Software
A pesquisa mostra também que os ERPs (Sistemas Integrados de Gestão) da Totvs, SAP e Oracle detêm 81% do mercado, cenário que vem se repetindo nos últimos anos. A Totvs lidera no total e nas empresas menores, com até 170 teclados (50%) e nas médias, entre 170 e 700 teclados (40%), no geral teve uma ligeira que de 1% no ano passado; a SAP nas empresas maiores, com mais de 700 teclados, detém 51%.
Meirelles explica que o setor de sistemas integrados está passando por mudanças relevantes, tanto na forma do modelo comercial que foi para a nuvem e monetizado sob demanda, quanto na concorrência de software de gestão especialista voltado para mercado de nicho, mais simples, baratos e de maior aderência ao negócio fim do cliente. "Construtoras, varejo, saúde, etc, procuram soluções com foco no seu negócio especifico."
Um pouco da disputa de mercado que os fornecedores de ERPs travavam nos últimos anos, de certa forma foi transferido para o segmento de soluções de Inteligência Analítica (que reúne uma série de siglas, BI, BA, CRM,etc) e é responsável por boa parte do lucro dos fabricantes. O mercado está assim dividido: SAP (26%), Oracle (21%), Totvs (16%), Microsoft Dynamics (11%) e IBM (10%), Qlik (6%), outros (10%).
No segmento de software de estação de trabalho dos usuários, faz 20 anos que a Microsoft domina esse mercado com o trio Windows, Office e Explorer, respondendo por mais de 90% de uso. Essa situação poderá ter uma disruptura em breve, adverte Meirelles, principalmente devido ao efeito "smartphone", que cada vez mais está nas mãos dos usuários, que estão abandonando o uso de computadores.