O Brasil e o desafio de exportar TI

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Neste último artigo abordando a iniciativa de tornar o País um exportador de tecnologia da informação vamos abordar como desenvolver as empresas nacionais.

Em meus últimos textos abordei a questão da necessidade de um investimento do governo na colocação do Brasil como país exportador de tecnologia da informação e as necessidades de um modelo trabalhista ou de incentivos fiscais para tornar o Brasil mais competitivo.

A criação de empresas capazes de competir no mercado externo, porém, também necessita do desenvolvimento de um mercado interno. Nesse mercado encontramos hoje prestadores de serviço nacionais, mas ainda vemos a atuação de empresas multinacionais de grande porte dominando as maiores contas do mercado.

O desenvolvimento das empresas nacionais poderia contar com o apoio dos governos federal e estadual, principalmente, de uma forma bastante simples: a compra de serviços de tecnologia desses governos.

Hoje, o setor público representa uma parcela considerável do PIB nacional. O poder de compra desse setor serve para dinamizar (ou amortecer) setores específicos da economia. No caso da tecnologia da informação, esse poder de compra ainda não se manifestou de forma intensa por alguns motivos:

– a existência de empresas de processamento de dados que respondem pelo desenvolvimento e suporte de suas aplicações em quase todos os estados e no governo federal;

– a falta de investimentos em tecnologia da informação;

– o investimento em tecnologias proprietárias (principalmente mainframes) que amarram o setor às multinacionais;

Assim, o modelo necessário para o desenvolvimento das empresas nacionais deverá tratar de alguns aspectos. Será necessário que esses governos privilegiem a contratação de empresa nacionais de prestação de serviços, em detrimento das multinacionais e de suas empresas de processamento de dados.

Serviços de desenvolvimento, suporte continuado/outsourcing e implementação de soluções devem ser os primeiros casos.Em um segundo momento, esse ?privilégio? deve procurar atender a empresas nacionais que exportem serviços.

As soluções escolhidas devem ser aquelas passíveis de serem exportadas. Isso sempre faz surgir o problemas dos software-proprietários. Certamente Microsoft, SAP, IBM e outros estarão na lista e a oposição ferrenha a essas alternativas não é inteligente. Buscar desenvolver mão-de-obra nessas tecnologias é importante, pois os grandes ?importadores? de tecnologia da informação buscam essa mão-de-obra?.

Desenvolver soluções nacionais passíveis de exportação, porém, é possível e deve ser estimulado, como é o caso, por exemplo, do sistema financeiro, um setor em que as soluções nacionais estão bem posicionadas. A tecnologia da urna eletrônica e os sistemas de apuração de votos também.

Contudo, carecem de um esforço do governo (no caso da urna estamos cedendo gratuitamente a tecnologia aqui desenvolvida) para que as empresas fornecedoras possam se colocar de forma agressiva no mercado externo.

Ações isoladas do governo não servirão para a criação das empresas nacionais exportadoras. O uso do poder de compra desse governo para o desenvolvimento dessas empresas, sim, é um caminho a ser seguido.

* Marcos Peano é presidente da BBKO Consulting

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