Transformações de ERP: desafios, estratégias e oportunidades

0

As transformações das plataformas de ERP (do inglês enterprise resource planning), ainda que motivadas pelas oportunidades de melhor suporte à digitalização, à explosão de dados e à alta demanda de personalização do mundo atual, ainda são bastante desafiadoras e estressantes. Este foi, inclusive, um tema recorrente no SAP Sapphire de 2024 – evento que ocorre anualmente em Orlando (EUA) e Barcelona (Espanha), para os participantes terem novas experiências e conhecerem inovações que podem transformar suas visões em realidade –, e apurado pelo BCG no estudo "An ERP Transformation Isn't a Solo Journey".

Segundo a pesquisa, o trabalho é complexo e demorado, com custos às vezes excedendo 5% da receita anual; ainda assim, quando a iniciativa atinge seus objetivos, os benefícios obtidos são significativos, podendo superar em muito o investimento inicial.

Como a transformação exige habilidades e conhecimentos que geralmente ficam fora das competências principais da maioria das organizações, estas investem cerca de 30% a 40% do orçamento de um projeto na contratação de integradores de sistemas (SIs). Tendo em vista que o custo dessa contratação é alto, muitas empresas terminam por delegar demasiadamente a transformação ao SI escolhido, colocando responsabilidades em excesso nas mãos do parceiro e reduzindo a participação da liderança e recursos operacionais próprios.

Na minha opinião, não é possível deixar toda a gestão e operação de uma transformação dessa magnitude nas mãos do SI. Como destaca o estudo, essa reestruturação deve ser realizada em conjunto com os líderes das companhias, levando em consideração cinco elementos-chave:

Visão de negócios direcionando para o que traz valor.?Isso envolve identificar as alavancas de valor e áreas de processo mais relevantes e usar essa análise para definir uma visão futura sólida, que guie a transformação do ERP.

Divisão de trabalho deve ser estratégica e tática. Deve-se reter responsabilidades que impulsionam maior diferenciação e terceirizar o que o integrador ofereça mais vantagens (ex. escala e experiência). Os responsáveis pela transformação mantêm accountability sobre os resultados, sejam internos ou terceirizados.

Processo de seleção de SIs que enfatize tanto a adequação funcional quanto a cultural. Evitando dividir o programa em muitas partes e criando um framework para coordenar múltiplos integradores se desejado, a empresa deve entrevistar e poder vetar indivíduos propostos pelo SI para assumir funções críticas.

Incentivos, relatórios e um modelo de contrato que direcione ao valor.?Vincular incentivos de contrato aos resultados do projeto e enfatizar recompensas ao invés de penalidades ajuda a alinhar os objetivos. Para evitar conflitos, é importante concordar em KPIs que meçam o progresso obtido de forma objetiva.

Execução com foco e adaptabilidade.?É essencial criar um design authority para agilizar a tomada de decisões e ajudar a resolver questões operacionais. Estabelecer fóruns frequentes com a liderança sênior permite lidar com impedimentos críticos e garantir mais eficácia e adaptabilidade na transformação.

As transformações de ERP não são simples e é tentador adiá-las ou simplesmente não querer fazê-las. No entanto, com uma abordagem bastante colaborativa e bem planejada, considerando os objetivos estratégicos em todos os momentos e garantindo certeza e qualidade na execução, acredito firmemente ser possível transformar esses projetos em verdadeiros motores de valor e alinhamento para as organizações.?É um esforço que vale (muito) a pena.

Roberto Penido, consultor de tecnologia e expert em soluções empresariais na unidade Platinion do Boston Consulting Group (BCG).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.