A balança comercial da indústria eletroeletrônica registrou déficit de US$ 10,44 bilhões no período de janeiro a setembro, 34% acima do contabilizado no mesmo período de 2006, quando o déficit foi de US$ 7,78 bilhões. O resultado é recorde histórico do setor, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
O saldo negativo acumulado nos primeiros nove meses deste ano foi superior ao atingido nos dozes meses dos anos anteriores. As exportações somaram US$ 6,82 bilhões, 0,1% abaixo das registradas em igual período de 2006, quando alcançou US$ 6,83 bilhões. As importações, por outro lado, atingiram US$ 17,3 bilhões, resultado próximo do consolidado no ano inteiro de 2006, cuja cifra atingiu US$ 18,6 bilhões.
De acordo com a Abinee, pelo segundo mês consecutivo, as exportações do setor eletroeletrônico, ficaram abaixo das realizadas em idênticos meses de 2006. A entidade avalia que, se por um lado, o crescimento do mercado mundial de bens eletroeletrônicos está favorecendo as vendas para o exterior, por outro, a valorização do real frente ao dólar está atingindo valores pouco estimulantes. A valorização média da moeda no período de janeiro a setembro de 2007, vis a vis a igual período do ano passado, já superou 8%.
No mês de setembro, as exportações totalizaram US$ 801,2 milhões, resultado 0,5% abaixo do registrado no mesmo mês de 2006 e 3,7% inferior ao contabilizado em agosto passado. Na comparação com setembro do ano passado, as vendas externas de bens de automação industrial (-11,2%), de informática (-21,6%), de material elétrico de instalação (-6,5%) e de telecomunicações (-13,1%) recuaram. Contribuíram para a queda a retração nas vendas de instrumentos de medida (-11%), impressoras (-16%), condutores elétricos (-67%) e telefones celulares (-15%). Nestes últimos, a queda das vendas externas nos primeiros nove meses do ano foi de 24%, baixando de US$ 2 bilhões, entre janeiro e setembro de 2006, para US$ 1,5 bilhão no mesmo intervalo deste ano.
Mesmo assim, os celulares permaneceram na liderança das exportações da indústria eletroeletrônica. Os principais destinos das vendas foram a Argentina, com participação de 35%, Venezuela, com 26%, e Estados Unidos, com 12%. A Abinee ressalta que, destes países, as vendas para a Argentina foram as únicas que cresceram, passando de US$ 436,1 milhões para US$ 525,6 milhões, no período citado. Com isso, a participação daquele país na pauta das exportações da indústria eletroeletrônica, passou de 20% para 23%, neste período, enquanto que os demais países desse bloco reduziram, de 33%, para 30%.
Já as importações de produtos do setor eletroeletrônico somaram US$ 2,13 bilhões no mês de setembro. Este foi o segundo maior montante mensal importado, ficando abaixo apenas do apontado em agosto passado, que atingiu US$ 2,28 milhões. As compras externas de bens de Informática registram incremento de 5,1% em relação ao mês anterior, alcançando US$ 171,1 milhões. Destacaram-se as importações de máquinas de processamento de dados, que passaram de US$ 27 milhões, em julho, para US$ 35 milhões, em agosto, e para US$ 39 milhões em setembro.
Na comparação com setembro do ano anterior, as importações cresceram 28,1%, com incrementos expressivos em todas as áreas. Com exceção das áreas de material elétrico de instalação (+7,0%) e utilidades domésticas (+12,2%), as taxas foram superiores a 20%.
No período acumulado de janeiro a setembro, as importações atingiram US$ 17,3 bilhões. O resultado dos nove primeiros meses ficou próximo ao atingido no ano inteiro de 2006 (US$ 18,6 bilhões), e superior aos demais anos, contando os doze meses. Dessa forma, as importações cresceram 18,1% em relação ao igual período de 2006, com todas as áreas apontando taxas positivas e superiores a 10%.
Dentre os produtos mais importados os semicondutores lideram, com um total de US$ 2,5 bilhões, seguidos por componentes para informática, com US$ 2,2 bilhões, e componentes para telecomunicações, com US$ 1,9 bilhão. Os semicondutores, no entanto, registraram queda de 1% no período.
Mas a área que registrou a maior de crescimento foi a de telecomunicações (+62,4%), com destaque para as importações de aparelhos de radiodifusão (+112%), que passaram de US$ 145 milhões, em janeiro a setembro de 2006, para US$ 308 milhões no mesmo período deste ano.
Dentre as principais regiões do mundo o maior o déficit ocorreu nos negócios com o Sudeste da Ásia, que somaram US$ 10,3 bilhões. Por outro lado, as transações comerciais com os países que compõem a Aladi (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela) geraram superávit de US$ 3,1 bilhões.