S-Commerce, a nova fronteira do trabalho no pós-pandemia

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Com a pandemia da Covid-19, o processo de transformação digital por meio da tecnologia acelerou-se em grande parte das empresas globais. Esse processo de mudança, que estava previsto para acontecer num futuro próximo, foi antecipado pelo avanço sistêmico da doença no mundo e no Brasil. E para empresas que demandam profissionais de tecnologia, a ampliação da força de trabalho operando de maneira descentralizada, até então uma tendência, tornou-se algo mandatório.  

Atuando como CTO (Chief Technology Officer) da Favo, uma startup de social commerce que oferta produtos de supermercado online, e morando e trabalhando da Alemanha, para mim, gerenciar um time inteiro de tecnologia com equipes no Brasil e Peru, já faz parte do ecossistema de TI. Mais ainda: o modelo Remote First é parte essencial da estratégia de atração de talentos. 

Pesquisa recente do Linkedin comprova essa percepção. Durante a pandemia, das três principais prioridades dos profissionais ao cogitar uma nova empresa, duas estão relacionadas ao trabalho remoto. A primeira é um arranjo de trabalho flexível e a terceira, é o maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.  

O segmento de TI utiliza recursos tecnológicos que conseguem reduzir as distâncias e fazer com que pessoas em diferentes lugares trabalhem em conjunto e ainda garantam a produtividade. A novidade é que essa realidade já conhecida e essencial para os profissionais de TI agora se expande para outras atividades.  

No Brasil, cerca de 4 milhões de pessoas já trabalhavam em home office antes da pandemia, em 2018, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse número duplicou nos anos seguintes, como mostra os dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que afirma que 8,2 milhões de pessoas no Brasil exerceram suas funções de forma remota entre maio e novembro de 2020. Isso corresponde a 11% da população ocupada no período. 63,9% desses profissionais trabalhavam em empresas do setor privado e 74,6% eram pessoas com nível superior completo. 

Outros fatores interessantes do estudo do Ipea sobre trabalho remoto indicam que, em relação ao setor privado, 51% dos profissionais são da educação, 38,8% do setor financeiro e 34,7%, da comunicação. Por outro lado, os segmentos com menos trabalhadores remotos foram a alimentação, a agricultura e a logística — menos de 2% cada. 

O futuro do trabalho e novos modelos de negócios  

Mesmo que estejamos começando a ver um retorno de profissionais ao trabalho presencial, é certo que essas modalidades flexíveis serão uma realidade para muitas profissões a partir de agora, principalmente num modelo de negócio que está ganhando boa parte do mercado emergente no mundo, e que se tornou muito lucrativo na China, o chamado social commerce, ou s-commerce 

Como o próprio nome já sugere, envolve estratégias que aproveitam o engajamento nas redes sociais para fortalecer a presença da marca e conquistar mais vendas no e-commerce. Basicamente, funciona para aproveitar o potencial do engajamento dos seguidores, conduzindo-os para a conversão em vendas. São mudanças significativas e que, tanto empolgam quanto assustam, mas sabemos que as limitações geográficas e a necessidade de trabalhar pessoalmente estão se tornando cada vez menos importantes, ainda mais quando falamos de inovação, disrupção e novas formas de negócio.  

Uma pesquisa da Accenture estima que o social commerce vai movimentar US$ 1,2 trilhão no mundo em 2025. É quase o triplo do volume financeiro que hoje está relacionado ao setor.  

Tal crescimento será possível com a atração de pessoas cada vez mais interessadas naquilo que o Linkedin já mostrou como prioridades atuais. Maior flexibilidade e melhor relação entre vida profissional e pessoal. A empresa que não atender a esses pré-requisitos terá dois caminhos: compensar essa lacuna com remunerações acima da média do mercado ou se contentar com colaboradores não tão qualificados como deseja.  

Na área de tecnologia, a Favo, atualmente, conta com engenheiros de software e dados, product designers, squad leaders e product managers atuando em formato de rede descentralizada. São profissionais espalhados por 27 cidades, em 4 países. Um movimento diverso que seguirá ganhando força com o crescimento da área. O mais importante, no nosso caso, é sermos eficientes na comunicação. Aqui, praticamos as metodologias Extreme Programming e Mob programming, onde um par de desenvolvedores ou todo o time se reúne em call e desenvolvem juntos as aplicações. Além, claro, de compartilhar conosco o propósito e a vontade de construir um novo formato de negócio. Onde o profissional estará é uma questão secundária.  

Renato Todorov, CTO da Favo.  

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