Tecnologias que mudam o mundo: por que elas precisam ser recebidas com olhar crítico

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Sou uma pessoa defensora dos avanços da tecnologia. É incrível constatar o quanto avançamos na nossa forma geral de viver e nos relacionarmos graças a dispositivos, aplicativos e ferramentas tecnológicas. Acho ótimo quando uma solução nos ajuda a pensar, mas tenho aflição diante da tentação de delegar nossas conclusões a elas. Avalio ser produtiva a ideia de contar com o eficiente atendimento de um robô, mas temo que um dia não saibamos mais distinguir a inteligência artificial da humana.

Essas são algumas das reflexões que sempre rondam a minha mente. Recentemente, meus pensamentos sobre o assunto se intensificaram diante do lançamento do ChatGPT, um programa capaz de gerar respostas aos diferentes tipos de questionamentos humanos. A ferramenta está sendo treinada tanto para oferecer uma receita de culinária, quanto para dar um conselho amoroso, sugerir resolução para um problema profissional ou redigir um trabalho escolar. Isso para citar apenas alguns dos infinitos exemplos de ações.

Quando utilizamos uma ferramenta de pesquisa como o Google, temos a oportunidade de acesso a diferentes tipos de respostas para, então, construirmos o nosso próprio discurso. Investindo um pouco mais de tempo no refinamento da busca, é possível expandir o olhar, reconsiderar um argumento, construir uma outra vida de discurso, descobrir possíveis notícias falsas e checar a fonte de ideias, pensamentos e dados.

No ChatGPT, apesar da rapidez na resposta e da promessa de entendimento do funcionamento da linguagem humana, corremos o risco de, muitas vezes sem perceber, nos tornarmos reféns de vieses inconscientes ou de replicar dados imprecisos ou incorretos, principalmente nessa fase de lançamento da ferramenta, em que, naturalmente, as soluções necessitam de constantes reparos de falhas e vulnerabilidades até se estabelecer.

Não pretendo, com este artigo, desestimular o uso do ChatGPT ou outra solução de inteligência artificial. Pelo contrário. O meu objetivo é chamar a atenção para que a gente não perca a inteligência humana. Vamos estabelecer compromissos com nós mesmos de sermos aliados da tecnologia nas atividades mais operacionais e nos processos criativos. Vamos valorizar o nosso conhecimento e os nossos pontos de vista, investigar de que forma podemos evoluir com nossas habilidades técnicas e comportamentais para que possamos continuar sendo úteis para o mercado de trabalho.

Nessa Era de constantes evoluções tecnológicas, não exercitar a musculatura do nosso olhar crítico é um caminho para atrofiar a nossa inteligência. Mas também nos deixa mais suscetíveis a pessoas maliciosas que têm a intenção de literalmente apagar as luzes na nossa consciência sobre nós mesmos, os outros e o mundo. A tecnologia deve ser a nossa lanterna, a nossa bússola e não algo que vê por nós.

Jane Greco, diretora na MPE Soluções.

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