O grupo ASSA, especializado em consultoria e serviços de TI, e a multinacional alemã IDS Scheer, que fornece sistemas de gestão empresarial, anunciaram nesta quarta-feira (15/3) a formação de uma joint venture para disputar o mercado de papel e celulose no Brasil e demais países latino-americanos.
Com investimento inicial de US$ 1 milhão para a montagem de equipes ? 25 novos profissionais e consultores ?, instalações, desenvolvimento de ferramentas e treinamento, a nova empresa espera encerrar o ano com faturamento de cerca de US$ 2 milhões, informam Federico Alberto Tagliani, responsável pelo grupo ASSA no Brasil, e Francisco Amaral, diretor da IDS Scheer.
Os executivos informaram que o primeiro projeto já começou a ser implantado em uma grande indústria brasileira ? cujo nome não quiseram revelar ?, com término previsto para junho. ?Unidos estamos mais fortes. Vamos crescer mais juntos do que de forma isolada?, assinala Roberto Wargmeister, presidente do grupo ASSA.
De acordo com Amaral, da IDS Scheer, embora hoje exista oferta de tecnologia suficiente para suportar avanços concretos no setor, o grande desafio é fazer os recursos tecnológicos funcionarem para o cumprimento das regras de negócios estabelecidas pelos controladores e gestores, bem como os requerimentos críticos previstos nos planos de crescimento.
O executivo informou que existem hoje mais de 220 empresas de médio e grande porte somente no setor de papel e celulose no Brasil, mas adiantou que o foco inicial da nova empresa será voltado para as 12 maiores que concentram grande parte dos negócios.
A nova organização, segundo Amaral, vai concentrar poder de fogo na oferta de soluções de BPM (Business Process Management) em todas as etapas produtivas, desde o plantio, gestão de florestas até a embalagem final e embarques na fase de comercialização/exportação. ?A tecnologia já consegue liberar as pessoas para executarem tarefas que agregam valor ao negócio. Com o BPM, os maiores benefícios virão com o realinhamento da tecnologia existente para objetivos de negócios, com vistas a novas oportunidades de melhorias em todos os ciclos de produção, especialmente em uma área vital para os fabricantes de papel e celulose, a cadeia logística (supply chain).?
Segundo Carlos Schwager, gerente de projetos e soluções SAP, nos projetos internacionais conduzidos pela IDS Scheer (entre elas a International Paper e a SAPPI) foi possível uma redução considerável de custos mediante melhorias apenas na cadeia logística, após a integração de todos os processos, o monitoramento de florestas e madeira nas fazendas, o controle de frota e das diversas etapas nas áreas de produção e de suprimentos, com sensível diminuição de gastos em estoques. ?A revisão do processo de gerenciamento de demanda pode trazer a essas empresas um enorme diferencial competitivo e ganho de market share. Todos precisarão organizar e integrar seus sistemas para conseguir novas melhorias na operação, agora em tempo real?, avalia o gerente da IDS Scheer.
O setor de papel e celulose é considerado estratégico para a expansão dos negócios das duas empresas, uma vez que os principais grupos que atuam nesse segmento estão sob intenso fogo cruzado da concorrência internacional, especialmente da China e demais mercados europeus, e precisarão utilizar mais serviços de consultoria para se adaptar à nova correlação de forças.
De fato, dados da consultoria Economática mostram que o faturamento das seis principais empresas do setor de papel e celulose (Votorantim, Aracruz, Suzano, Klabin, Ripasa e Irani), que concentram grande parte dos negócios de todo o segmento, caiu 5,2% em 2005. Com a perda de receita, as empresas registraram um lucro líquido total 18,8% menor no ano, R$ 2,585 bilhões ante R$ 3,184 bilhões no ano anterior.
