Representante japonês aponta ganhos com padrão ISDB-T de TV digital

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O representante no Brasil do consórcio japonês SBTVD que desde 2000 negocia com o governo brasileiro as contrapartidas da indústria daquele país para o sistema de TV digital, Yasutoshi Miyoshi, distribuiu nota à imprensa para, segundo ele, ?prestar informações complementares que contribuirão para a correta divulgação da proposta e da tecnologia que está sendo oferecida ao país pelo grupo japonês?.

?Entendo como oportuno o interesse da empresa STMicroelectronics de estabelecer sua unidade industrial no país, fato que se tornou público através da imprensa na semana passada. A decisão de uma importante empresa internacional com presença global contribui no empenho para o adensamento da cadeia produtiva do segmento eletroeletrônico no Brasil.?

Para o consórcio japonês, que vem negociando com o governo brasileiro, a decisão da STMicroelectronics foi uma grata surpresa, já que, segundo Miyoshi, os chips fabricados pela empresa podem ser combinados com o front-end (tuner + demodulador) do sistema ISDB-T, o que permitirá a produção no Brasil de receptores para esse sistema.

Para ilustrar sua afirmação, Miyoshi anexou ao comunicado distribuído à imprensa, imagens do protótipo funcional de um set-top box para o sistema japonês ISDB-T, construído pelo consórcio participante do projeto SBTVD e pela empresa brasileira Visiontec, composto de um front-end da empresa ALPS (japonesa) combinado com o back-end da empresa STMicroeletronics. ?Ou seja, isso significa que a produção local de semicondutores anunciada se integra à oferta japonesa.?

Segundo ele, esse fato atesta o que já ocorre na indústria eletrônica japonesa nos dias de hoje, onde os produtos são construídos utilizando componentes nacionais e estrangeiros das mais diversas nacionalidades, sem barreiras ou restrições.

De acordo com o professor Gunnar Bedicks Jr., coordenador do Laboratório de TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e responsável pelo consórcio RFP-02 do SBTVD, que realizou estudos e testes visando o desenvolvimento tecnológico do padrão de modulação para a TV digital brasileira, é perfeitamente possível e também existe a viabilidade tecnológica de produzir receptores desse modelo a um custo industrial inicial da ordem de US$ 100 a unidade, com uma rápida redução deste valor, podendo chegar à metade com o aumento da demanda esperada.

Segundo o professor, a modulação BST-OFDM adotada no receptor comprova a robustez na recepção, com benefícios diretos aos consumidores, especialmente aqueles que recebem o sinal apenas com a antena interna (aproximadamente 48% da população), que não necessitarão investir na aquisição de antena externa.

Na visão de Miyoshi, os objetivos buscados pelo governo brasileiro no processo de escolha do sistema de TV digital poderão ser plenamente atingidos considerando as várias contrapartidas que consórcio japonês ofereceu. Entre eles ele cita o sistema com isenção de royalties desde o ano de 2000, a inclusão dos resultados dos estudos brasileiros desenvolvidos no âmbito do SBTVD no sistema japonês ISDB-T e o fato de os especialistas brasileiros poderem participar ativamente e de forma não discriminatória no sistema ISDB-T.

O representante japonês enfatiza também o compromisso manifestado pelos empresários japoneses com a transferência de produção de novos produtos demandados e das tecnologias neles empregadas, bem como a oferta de uma linha de crédito para financiar a implantação da TV Digital no país, com estimativas de demanda da ordem de US$ 500 milhões, mas que pode ser ampliada conforme a necessidade.

Miyoshi ressaltou no comunicado que o consórcio japonês, ao longo de todo o processo de negociação com o governo brasileiro, se posicionou de forma discreta, e em nenhum momento anunciou quaisquer informações relativas à decisão, numa clara alusão à reportagem publicada na semana passada pelo jornal Folha de S.Paulo que afirmava que o presidente Lula já teria se decidido pelo padrão japonês. ?Assim como todos os brasileiros, o consórcio aguarda o pronunciamento oficial do governo em respeito à sua soberania?, finaliza o representante.

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