O Google está perto de fechar um acordo com a União Europeia para encerrar as investigações por práticas anticompetitivas. A companhia se comprometeu, com vínculo jurídico, a realizar pequenas mudanças em sua ferramenta de buscas, a fim acabar com as reclamações dos concorrentes sobre seus métodos de negócio, de acordo com relato de pessoas ligadas ao assunto ao The Wall Street Journal. O caso refere-se as acusações de que a empresa favorece propositalmente seus serviços — como YouTube para vídeos e Blogger para blogs, entre outros — nos resultados de buscas.
Na semana passada, o gigante das buscas apresentou à Comissão Europeia uma proposta final de concessões que serão testadas no mercado, o que daria aos seus rivais a chance de opinar sobre o impacto real das modificações. Contudo, não houve nenhuma divulgação pública sobre os detalhes da proposta. Ainda assim, o jornal americano obteve a informação de que, na proposta, o Google continuaria a exibir os resultados no buscador conforme sua avaliação de relevância, mas os links entre eles, que direcionariam o usuário a utilizar os serviços especializados da própria companhia, seriam apresentados em local separado da pesquisa. A companhia reforça que deixará os usuários claramente conscientes de que está promovendo links para seus próprios sites, usando rotulagem especial.
Outra sugestão feita pelo Google é de, além de separar e rotular os links de seus próprios serviços, exibir ao menos três links para um site rival nos resultados de buscas, contanto que tenha informação relevante referente à busca do usuário. Essa condição não se aplicaria a pesquisas especializadas no Google Shopping ou no Google Flight, diretamente relacionados a compras online, pois participantes que quiserem aparecer nessas ferramentas devem pagar para serem listadas. Além disso, ainda há a proposta da criação de uma ferramenta específica para sites de serviços não relacionados ao Google.
O Google também permitirá que os anunciantes utilizem sua plataforma AdWords para posicionar anúncios próximos aos resultados de buscas e que movam suas campanhas para uma plataforma rival. A proposta prevê uma mudança no AdSense, programa que permite que sites não relacionados ao Google posicionem anúncios do AdWords em suas páginas e dividam a receita com o Google quando internautas clicam neles. A proposta é que o Google mude os contratos que exigem uma assinatura para entrar na rede de parceiros no AdSense, dando-lhes uma chance maior de posicionar anúncios de outras fontes em suas páginas.
As fontes indicam que a negociação da proposta seria legalmente vinculativa por um período de cinco anos, e uma pessoa terceirizada seria responsável por assegurar o cumprimento das regras pelo Google. O conjunto de medidas foi apresentado como parte de um processo conhecido como Artigo 9, que consiste em um regulamento da União Europeia sobre como a comissão resolve casos de antitruste sem aplicação de multas.
Segundo a pessoa familiarizada com o assunto, as alterações propostas pela companhia, se adotadas, serão diferentes para usuários da Europa em relação ao restante do mundo. No acordo feito com a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês), foi definido que o Google não mudaria a disposição de seus resultados de buscas, podendo favorecer seus próprios produtos nos resultados em detrimento dos rivais.
Apesar de ainda não ter sido divulgado o resultado das investigações, as sugestões são um grande passo nas negociações com a União Europeia, que vem exigindo mudanças no método do gigante das buscas desde 2010. Porém, a dor de cabeça da companhia pode não ter acabado, já que na semana passada o FairSearch.org, grupo de lobby internacional formado por 17 empresas de buscas e tecnologia, como Microsoft, Oracle, TripAdvisor, Nokia, entre outras, entrou com uma queixa junto à Comissão Europeia alegando que o Google adota conduta enganosa para barrar a concorrência de dispositivos móveis através de seu sistema operacional Android.