Acompanhar a jornada do consumidor e propiciar uma boa experiência de compra, tanto no e-commerce quanto na loja física, deve ser prioridade para o varejo brasileiro. A opinião é de Fábio Camara, CEO da FCamara, empresa que detém em sua carteira de clientes 8 dos 10 maiores e-commerces do país.
Segundo ele, modelos self service como Amazon GO, que elimina funcionários dos supermercados e lojas, não deve ser prioridade para transformar o varejo brasileiro, pois aqui vivemos uma realidade diferente. Os custos de mão de obra envolvidos são baixo em relação aos modelos tecnológicos, e ao mesmo tempo, não está alinhado com a cultura do consumidor que deseja interagir, ter um atendimento personalizado, no momento da compra.
Para ele, as empesas de varejo devem investir no treinamento do colaboradores e soluções digitais inovadoras. "Tecnologias com o uso de machine learning, inteligência artificial, internet das coisas e big data são as principais ferramentas que vão revolucionar a maneira como compramos".
Ele explica em nesse ano um dos principais objetivos da empresa é apostar em novas soluções e inovações para colaborar ainda mais com o varejo físico e online no Brasil. "Queremos inovar no varejo, aplicar novas tecnologias dentro e fora da loja e assim mostrar os resultados de um trabalho bem-sucedido", enfatiza.
Um dos projetos de inovação que a FCamara está desenvolvendo usando machine learning é um sistema que avisa o estabelecimento de varejo quando os produtos não estão dispostos na gôndola conforme exigência do fabricante, o que pode causar penalidades e perda de bonificação para o estabelecimento, além de impactar a experiência do usuário. Uma grade rede de farmácia já está usando a solução.
Inovação
Camara explica que a empresa investe para trazer inovação para os clientes. Ele se prepara para fazer sua segunda viagem à China, que passa por um momento efervescente de startups de tecnologia, para conhecer novas experiências.
Ao mesmo tempo, está criando startups no país nas áreas de saúde, educação e serviços na nuvem.
A Health.D, por exemplo, é uma iniciativa de coleta dados de qualquer wearable que monitore a saúde, ou dispositivo com IoT (ex. balança), que os "traduz" e os integra a qualquer sistema (hospitais, planos de saúde etc), oferecendo dashboards com estatísticas e inteligência de Big Data capaz de prever padrões e evitar crises/ataques em doentes crônicos, por exemplo.
Um projeto piloto já roda na rede Samel, em Manaus. "Quem chega ao hospital recebe uma pulseira de monitoramento que complementa o serviço de "triagem" no início do atendimento. Toda experiência do usuário é monitorada. A pulseira também alerta caso o paciente tenha alguma alteração em seu quadro clínico enquanto aguarda atendimento", explica. Um dos motivos da escolha de Manaus, segundo ele, é porque os hospitais de grandes centros pertencem a grupos empresariais, cujas decisões são demoradas pela própria natureza das organizações, dificultando o desenvolvimento de projetos inovadores de tecnologia.
TI + Educação
Outra inciativa é o Fidelizaluno, o programa que mescla reconhecimento facial, machine learning e big data para prever a evasão escolar antes que ela aconteça. Também é possível otimizar recursos, como produção de merenda (automatizando a conferência dos alunos presentes e transmitindo a informação para a cozinha, por exemplo, preparar apenas o número de marmitas necessárias), e detectar engajamento dos alunos.
Desenvolvido pela FC Nuvem (startup de serviços na nuvem da FCamara) em parceria com a Microsoft, o programa faz parte das iniciativas da gigante para o setor de educação, um de seus pilares de atuação para os próximos anos. O Fidelizaluno foi apresentado em primeira mão para executivos da área no final do mês passado em Redmond, no evento da Microsoft exclusivo para lançar suas soluções na área de educação.
A evasão escolar causa um prejuízo de R$ 49 bilhões para a atividade econômica do país, R$ 28 bilhões na área da saúde e R$ 18 bilhões no controle da violência e criminalidade. A soma das perdas, R$ 130 bilhões de reais, é maior do que o gasto total da União com educação em 2017, segundo estudo "Políticas públicas para redução do abandono e evasão escolar de jovens, realizado pela Fundação Brava em parceria com Instituto Ayrton Senna, Insper e Instituto Unibanco, que compõe a Galeria de Estudos e Avaliação de Iniciativas Públicas (Gesta).