A redução dos custos continua sendo a principal razão pela qual empresas e os bancos terceirizam seus serviços de TI. A questão é que as organizações que buscam esse objetivo com o outsourcing nem sempre têm conseguido os resultados esperados. O alerta vem de especialistas que participaram do seminário Outsourcing/Offshoring no Ciab 2007 (Congresso Nacional de Automação Bancária), que se encerrou nesta sexta-feira (15/6), em São Paulo.
O resultado disso é que muitas companhias estão considerando fazer o chamado insourcing, que é trazer de volta a área de TI para dentro da empresa, de acordo com Geraldine Fox, consultora-executiva da Compass Management Consulting. Segundo ela, pesquisa feita pela consultoria mostra que apenas 4% das empresas entrevistadas não consideravam trazer de volta as operações terceirizadas.
A consultora observa que por isso a redução de custos não deve ser o objetivo principal da opção pelo outsourcing. "Em primeiro lugar, o CIO tem de avaliar as demandas internas, para depois verificar se existe a possibilidade de reduzir custos em alguma área", afirmou Geraldine, ao dizer que normalmente os CIOs superestimam as expectativas iniciais e, depois de algum tempo, acabam se decepcionando e trazendo os serviços de volta para dentro da empresa.
Uma das conseqüências dessa situação, segundo a consultora, é que o crescimento do mercado de outsourcing deve ser menor a partir de agora. Para ela, porém, isso não significa que essa modalidade de serviço esteja morrendo. ?Ao contrário, ele apenas está ficando mais maduro?, enfatizou Geraldine.
Segundo Robert Payne, vice-presidente de serviços da IBM para o Brasil, ao escolher essa modalidade de serviço, a empresa precisa, primeiro, saber aonde quer chegar. "Durante a bolha da internet, muitas companhias procuravam a IBM dizendo que precisavam de um site. Porém, muitos não sabiam o que fazer com o portal. Isso é um problema também do outsourcing", disse, ao enumerar os fatores que as empresas têm de levar em conta ao optar pela terceirização.
Para CEO do Centro de Tecnologia Global (GLT) do HSBC no Brasil, Jacques Depocas, a terceirização pode ser um bom negócio, desde que conduzida com critério e planejamento. Segundo ele, como TI faz parte do core business do banco, ele optou pelo modelo de offshore dentro da própria organização, com a criação dos GLTs, que são centros de serviços de desenvolvimento instalados em países com menor custo de produção, como Índia, China e Brasil, que prestam serviços para o banco em todo mundo. Segundo Depocas, o critério adotado foi uma proporção na qual 20% do desenvolvimento é feito internamente, 30% em centros de excelência e 50% pelos GLTs.
Atualmente, a instituição conta com quatro centros, dois dos quais instalados na Índia, um na China e outro no Brasil, localizado na cidade de Curitiba e em cuja montagem foram investidos R$ 12 milhões. Ao todo, os GLTs contam com cerca de 6 mil funcionários, 4,2 mil só na Índia. Os brasileiros somam apenas 175, mas, de acordo com Depocas, a tendência é que o quadro seja aumentado à medida que a demanda for crescendo.