A criação de um ecossistema de inovação aberta de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) para o desenvolvimento da conectividade no campo já começa a ganhar forma. As empresas Vivo, Raízen e Ericsson, com apoio da EsalqTec, apresentaram durante a última semana, em Piracicaba, interior do estado de São Paulo, as primeiras – e importantes – soluções para o agronegócio brasileiro com foco em telemetria de maquinário, pecuária e previsões climáticas. Todas com objetivo de tornar a vida do agricultor mais fácil, com uma gestão do campo muito mais eficiente, rápida e automatizada.
Os projetos foram desenvolvidos por startups que compõe o programa Agro IoT Lab, iniciado em janeiro de 2019, com a divulgação das seis iniciativas selecionadas para o desenvolvimento de soluções e aplicações em IoT no agronegócio, utilizando a frequência de 450 MHz e direcionadas para operar nas redes Narrow Band IoT (NB-IoT) e Long Term Evolution for Machines (LTE-M) – lançadas oficialmente pela Vivo em 19 de março deste ano. As demonstrações das novas aplicações foram acompanhadas pelo presidente da Anatel, Leonardo Euler, e pelo conselheiro Aníbal Diniz.
A IoTag, empresa de telemetria de maquinário e manutenção preditiva, apresentou seu projeto de trator conectado com foco na redução do consumo de combustível. A solução capta informações em tempo real, dando ao agricultor total autonomia na gestão e controle de seu maquinário no campo. Com uma gestão mais eficiente a solução demonstrada consegue identificar, dentre vários parâmetros transmitidos em tempo real, o uso indevido de combustível, podendo atuar remotamente e mitigar o problema no momento em que ele ocorre. A empresa afirma que esse processo deve reduzir os gastos de combustível em até 10%.
"O uso da frequência de 450 MHz possibilita que o agricultor faça toda essa gestão em uma área de cobertura maior. As primeiras demonstrações de uso ratificaram a frequência como o grande diferencial de transformação digital do campo, em especial quando associado à aplicação do IoT, ampliando em quase 2.5 vezes o mapa de cobertura quando comparado com a faixa de 700MHz", pontua Rogerio Loripe, vice-presidente da Ericsson para a Vivo. E completa: "O sucesso e os benefícios dessa iniciativa marcam o DNA de inovação das instituições envolvidas – Vivo, Ericsson, Raízen e Esalq –, cada qual contribuindo fortemente para edificação de um ecossistema competitivo e de soluções concretas para o Agronegócio".
A Ativa Soluções, com foco em soluções M2M para telemetria e gerenciamento remoto, apresentou sua estação meteorológica dedicada à coleta, armazenamento, processamento, e transmissão de dados de todos os sensores conectados ao aparelho, podendo medir: precipitação de chuva, velocidade e direção do vento, radiação solar, temperatura e umidade relativa do ar, umidade do solo, nível e vazão de rios e lagos, pressão atmosférica e qualidade do ar e da água. O agricultor tem acesso a todas essas informações em tempo real em qualquer local, viabilizando a tomada de decisão de forma rápida, mitigando riscos e aumento a produtividade na fazenda.
A @Tech, empresa de soluções tecnológicas para a agropecuária de precisão, apresentou o BeefTrader Premium, uma plataforma (software) inteligente para a tomada de decisão que monitora e prediz o lucro do pecuarista, indicando o Ponto Ótimo de Negociação (PON). A solução calcula o lucro a partir da eficiência da operação do confinamento, do acompanhamento do desempenho animal e da análise de mercado. Durante a demonstração, a @Tech apresentou uma das tecnologias envolvidas no BeefTrader, que utiliza inteligência artificial para avaliar a evolução da deposição de gordura do animal por meio de sistemas de câmeras e sensores. Na palma da mão, o pecuarista tem a informação do lucro de cada animal no confinamento e o melhor momento para comercializá-lo.
No total, seis startups fazem parte do Agro IoT Lab – programa de desenvolvimento de aplicações IoT para o campo – e foram selecionadas dentre 49 projetos que aplicaram ao edital convocatório. Os selecionados contam com acesso ao campo de prova nas áreas produtivas da Raízen, têm acesso ao espaço compartilhado do Pulse – hub de inovação da Raízen – com toda a sua infraestrutura de mentoria, workshops, networking e treinamentos aplicados ao agronegócio, e contam também com a possibilidade de receber investimentos da Wayra – hub de inovação aberta da Vivo -, responsável por toda metodologia de aceleração e processo de seleção das startups.
Segundo Fábio Mota, vice-presidente de Tecnologia da Raízen e head do Pulse, as startups já estão trazendo soluções disruptivas para melhor utilizar o novo tipo de conectividade no campo. "Acreditamos que a conexão que a Raízen, via seu hub de inovação, o Pulse, viabiliza às startups, com sua rede de mentores, demais atores do ecossistema de inovação, bem como o uso de nossas lavouras – como os campos de provas -, irá acelerar a evolução das soluções atuais ou mesmo permitir a criação de novas que, sem sombra de dúvidas, ajudarão a elevar o nível de maturidade e eficiência das operações agrícolas no setor", destaca Mota.
A iniciativa das empresas para mudar a realidade do agronegócio brasileiro uniu os personagens mais relevantes para tornar o tema uma realidade nacional. A Vivo leva sua rede móvel 4G utilizando a frequência de 450 MHz e softwares para IoT, enquanto a Ericsson contribui com plataformas e infraestrutura telecom que suportam a operação. Do outro lado, a parceria conta com o expertise e infraestrutura agrícola da Raízen e a facilitação e aplicação acadêmica das tecnologias com o apoio da Esalqtec e da USP-Esalq.
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