A abertura das APIs (Interface de Programação de Aplicativos) das redes das operadoras móveis brasileiras estão dando à comunidade de desenvolvedores a chance de integrar seus serviços com 250 milhões de celulares, o que pode vir a ser uma importante fonte de receitas para aplicativos e serviços móveis. Isso porque, com essa integração entre aplicativos e redes móveis, é possível aos aplicativos, por exemplo, a remuneração do tráfego gerado na rede dessas teles, explica o diretor da desenvolvedora de serviços móveis Mowa, Guilherme Santa Rosa, que participou nesta quarta do Tela Viva Móvel 2012.
As APIs consistem no conjunto de rotinas e padrões estabelecidos por um software para a utilização das suas funcionalidades por aplicativos que não pretendem envolver-se em detalhes da implementação do software, mas apenas usar seus serviços interface de programação de aplicativos. Ou seja, trata-se de um conjunto de funções estabelecidas para uso de um sistema sem se envolver com detalhes de implementação do software, mas apenas usando seus serviços. "Quando uma operadora abre suas APIs, abre caminho de acesso a recursos disponíveis em suas plataformas, disponibilizando uma porta de entrada para o desenvolvimento de funcionalidades e recursos a serem oferecidos para sua base de clientes. Dá liberdade à comunidade de desenvolvedores para explorar máximo potencial da plataforma", argumenta Santa Rosa.
Empresas que abriram seus APIs para o acesso de desenvolvedores vêm contabilizando resultados expressivos. Por exemplo, o Bing (serviço de buscas da Microsoft) tem 28 bilhões de chamadas por mês originadas por APIs em aplicativos de terceiros; a Netflix tem 28 bilhões de chamadas de API por mês; e o Google tem 11 bilhões ao dia.
Talvez o maior case de sucesso relativo à abertura de APIs tenha sido a estratégia adotada pelo Facebook, que ao abrir seu API permitiu aos desenvolvedores levar seus games e apps para dentro de sua plataforma, resultando em estrondosos sucessos de games como o FarmVille. No total, o Facebook contabiliza espantosos 19 bilhões de conexões por API por dia.
Quando se fala das redes das operadoras móveis, as APIs dão acesso a detalhes sobre milhões de usuários, possibilitando o acesso do desenvolvedor às plataformas de SMS/MMS e a informações de perfil relativas a localização, tipo de device utilizado e volume de dados trafegados. A partir dessas informações, o desenvolvedor tem a base para criar aplicativos e serviços direcionados ao público que deseja acessar.
Segundo Santa Rosa, as APIs ganham importância atualmente na medida em que podem ser uma fonte de rentabilização para empresas e operadoras que desenvolvem aplicativos para smartphones e tablets. Mas, diferentemente das tradicionais redes de anúncios online, em que o pagamento é feito por clique, os sistemas baseados em APIs remuneram com base na movimentação que o app desenvolvido gera na rede. Nesse caso, o modelo de negócios normalmente empregado envolve o revenue share entre operadoras e desenvolvedores. Ou seja, paga-se pela movimentação gerada na rede, com os lucros sendo divididos entre o desenvolvedor e a operadora.
“Até 2015, os devices móveis ultrapassarão as plataformas fixas no acesso à internet. Nesse contexto, as APIs de rede serão cada vez mais valiosas para quem quiser prestar serviços por mídias móveis”, previu Santa Rosa.