As operadoras de telecomunicações no mundo inteiro reduziram entre 5% e 15% seu Opex este ano, em média, por conta da crise econômica mundial. A estimativa é do líder mundial da Accenture na área de comunicações e alta tecnologia, Martin I. Cole, em visita ao Rio de Janeiro esta semana. "As operadoras reduziram os gastos com terceirização, adiaram projetos e, em alguns casos, demitiram funcionários", relata o executivo. Paralelamente, ele enxerga uma tendência das teles em diminuir a quantidade de fornecedores, concentrando naqueles mais fortes e capazes de atendê-las em diversas áreas. "É também uma forma de conseguirem descontos por volume", esclarece. Ele ressalta que na maioria das operadoras não houve redução de Capex em relação aos investimentos que já haviam sido anunciados. Porém, acredita que novos investimentos que ainda seriam analisados foram adiados. A Accenture presta serviços para 19 das 20 maiores operadoras do mundo.
Cole explica que a crise econômica começou a ser sentida pelo setor no quarto trimestre do ano passado, quando as vendas de celulares caíram, assim como a receita com conteúdo móvel. O único segmento que manteve um bom ritmo de crescimento foi o de dados, graças ao aumento no número de smartphones. A Accenture também sentiu o baque. No segundo trimestre de seu novo ano fiscal, contabilizado entre dezembro e fevereiro, houve redução na receita oriunda de telecomunicações na comparação ano a ano. "Nossa experiência é muito parecida com a do resto da indústria. Todos nós sofremos juntos", comenta. Entretanto, ele acredita que a Accenture pode tirar vantagem dessa tendência de as operadoras reduzirem seu número de fornecedores: "O foco é aumentar nossa participação nos gastos dos clientes."
Fim da crise
O executivo acredita que o setor de telecomunicações voltará a crescer a partir do quarto trimestre deste ano e que em 2010 a demanda voltará ao normal. Ele aposta que as operadoras investirão pesado no aumento da capacidade e velocidade de suas redes, tanto via LTE quanto HSPA+, para dar conta do crescimento da demanda por banda larga móvel. Além disso, projeta grandes investimentos das teles, tanto móveis quanto fixas, na área de distribuição de conteúdo. "Essa tendência já começou, mas ainda vai crescer muito", afirma.
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