A última temporada do 2G

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A série 'O Desligamento do 2G' está no ar – e agora é pra valer. Tudo indica estarmos na última temporada, e aparece um novo protagonista neste cenário, o CAT-M1, uma evolução natural do 2G. Com vantagens como menor uso de bateria, maior cobertura (por causa da frequência usada pelas operadoras locais), menor latência e uma banda de até 1Mb/s (contra a média de 15Kb/s do 2G), essa nova tecnologia não é um pouco melhor, é muito melhor que o 2G.

Chegamos a uma fase em que as operadoras enfrentam dificuldades para conseguir suporte e peças de reposição, o que torna difícil a manutenção da ultrapassada rede  2G  e acelera o ritmo do seu desligamento. As frequências empregadas para 2G estão sendo transferidas para aumentar a capacidade da rede 4G, que têm muito mais eficiência para oferecer ainda mais banda para muito mais usuários.

Diversas operadoras já fizeram o "refarming", e alguns equipamentos antigos que só funcionavam nas frequências transferidas, já não operam mais. Ao contrário das redes 2G e 3G, que nunca tiveram uma alternativa específica para Machine to Machine (M2M) ou Internet of Things (IoT), a rede 4G oferece duas redes de dados, o CAT-M1 e o NB-IoT. Estas foram desenvolvidas especificamente para a comunicação de aplicações embarcadas (ou 'coisas') e não de smartphones.

Projetadas para atender à conectividade celular de baixo custo para aplicações de IoT com reduzida taxa de dados, as tecnologias já foram testadas como alternativas ao 2G pelas operadoras, e o CAT-M vem apresentando excelentes resultados. Em avaliações utilizando as operadoras CLARO e VIVO e os resultados foram expressivos: a performance é muito superior e a cobertura e estabilidade muito melhores.

Diante desse cenário, cresce o desligamento do 2G. Nos Estados Unidos, a operadora AT&T foi a primeira a desligar o 2G definitivamente; no Japão, nenhuma operadora utiliza a tecnologia desde 2012; o Chile e a Colômbia seguem no mesmo ritmo e aqui no Brasil chegamos à reta final dessa série que já causou controvérsia, curiosidade e especulações.

Na verdade, temos uma grande diversidade, cada operadora toma decisões diferentes, considerando seu mercado e sua rede de atuação. Algumas já terminaram ou terminarão com 2G até o final desse ano, entre elas a ATT e Movistar no México, Rogers no Canadá, Telstra na Austrália e Telefônica na Europa.

Mesmo após diversos capítulos, muitos ainda questionam: Será que irão desligar o 2G? E quando? Vamos lá, não é difícil entender o motivo. Você provavelmente migrou de forma natural do 3G para o 4G quando trocou de smartphone, porém sabemos que no universo de M2M essa mudança não foi tão natural, pois não se trata apenas da mudança de equipamento, essa comunicação é estratégica ao negócio, muitos fatores estão envolvidos, então  é necessário planejamento!

O desligamento do 2G vai liberar espaço para suportar a enorme e crescente demanda por dados móveis. A rede é muito antiga no Brasil e completamente ultrapassada. Além de mexer no custo das operadoras, o fim do 2G libera espectro para ser usado por outras tecnologias de rede; atualmente o 4G e, no futuro, o 5G. O interessante é que essa equação não significa apenas um controle maior para as operadoras, mas também promete fazer diferença nos serviços oferecidos aos usuários. A quantidade de serviços que podem ser ofertados com CAT-M1 como vídeo ou fotos também vai permitir que os prestadores de serviços levem suas ofertas a patamares mais elevados, explorando novas oportunidades de negócio.

Em um trabalho com a CLARO realizamos vários testes na região de Campinas utilizando um equipamento híbrido Queclink. Configuramos de forma que gerasse preferência para CAT-M1, ou seja, só se conectaria ao 2G se a outra rede não estivesse disponível e não identificamos nenhuma troca de tecnologia em momento algum. O equipamento permaneceu conectado em CAT-M1 em todas as regiões da cidade. Bingo, superou expectativas! E muitas organizações também têm nos reportado resultados positivos em seus testes.

Acompanhando de perto essa transição, recebemos as seguintes informações por parte das operadoras. A VIVO sugere que os clientes se preparem para a nova rede CAT-M. Cerca de 35% de sua rede 4G já está pronta e operando em CAT-M e NB-IOT. Não há data marcada, mas admite que a cobertura está caindo e que tem dificuldade em manter a capacidade e performance. Já fez refarming no país todo transferindo algumas frequências de 2G para aproveitar em 4G.

A CLARO aconselha que os clientes se preparem para a nova rede CAT-M. Aproximadamente 95% de sua rede 4G está pronta e operando em CAT-M e NB-IOT. Não há data marcada, mas também admite que tem dificuldades para manter a mesma cobertura e capacidade em 2G. Indica também que a rede 3G pode seguir o mesmo caminho ou mesmo ser reduzida mais cedo que a rede 2G.

Já a TIM não tem data marcada nem plano de redução. Implementou uma rede NB-IOT e não tem planos para CAT-M. Indica que fará compartilhamento de redes com a VIVO em 2G. Usa a rede OI para melhorar sua cobertura em 2G em planos mais estáveis pela dupla cobertura.

Não sabemos com exatidão quando a transição acontecerá, mas sabemos que vai acontecer. É bastante provável que aconteça dentro do ciclo de vida dos equipamentos que estão sendo comprados agora. As empresas precisam analisar com atenção as opções de equipamentos híbridos, ou seja, que possam suportar 2G e CATM e ao mesmo tempo garantir uma vida útil longa para seu investimento. Infelizmente há risco de que os equipamentos 2G possam vir a não funcionar em algum ponto no futuro, que pode estar bem próximo.

Sérgio Souza, vice-presidente sênior e manager diretor Brasil da KORE.

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