Qual é a perspectiva dos CEOs sobre os CIOs?

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A velocidade com que a tecnologia impacta mudanças nas empresas cresce continuamente. Grandes organizações e startups têm investido cada vez mais em equipes de TI que sejam capazes de compreender e atuar sobre esses movimentos. De acordo com pesquisas recentes, há, inclusive, falta de profissionais para atender toda essa demanda. Quando olhamos para as posições de liderança, isso se intensifica. 

Nos últimos anos, os CIOs assumiram uma posição altamente estratégica nas empresas. Detentores de dados valiosos, esses líderes são parte fundamental do sucesso das companhias, podendo influenciar a tomada de decisão de forma particularmente precisa e incisiva. Em um mundo em que a transformação digital é inevitável, deter o conhecimento técnico sobre a tecnologia é uma vantagem competitiva inegável. 

Por meio dos fóruns com CEOs dos quais participo, tenho percebido de maneira cada vez mais clara que o ponto de sensibilidade da posição dos CIOs está nas habilidades relacionais e comportamentais. Você já deve ter ouvido falar nas chamadas soft skills, tão difundidas pelos departamentos de recursos humanos. Apesar de serem difíceis de tangibilizar e de serem medidas, essas competências impactam diretamente no desempenho das pessoas dentro das organizações. Quanto mais alto o cargo, mais questões como a capacidade de analisar cenários complexos, conseguir se comunicar bem e exercer influência são importantes. 

No fundo, esse conjunto de habilidades diz respeito a como as pessoas se relacionam e essa é chave para que CIOs ganhem cada vez mais espaço e destaque dentro das corporações. Utilizando o conceito PACE – cunhado pela Singularity University -, poderíamos dizer que os CEOs esperam que o líder de TI seja um resolvedor de problemas (problem solving), ágil (agile), criativo (creative) e empático (empathetic). Fácil?

Conhecimento técnico é default. Os CIOs precisam estar de olho em oferecer projeções para um futuro possível e não somente provável. A lógica exclusiva da probabilidade limita o olhar e estreita o horizonte. Eu gosto de dizer que as pessoas devem buscar ser autênticas e genuínas e que todas as relações são fontes de aprendizado. Às vezes, na ânsia de sermos vistos e reconhecidos, nos preocupamos somente em estabelecer conexões com quem nos lidera ou com os times que lideramos diretamente. Mas a verdade é que toda interação entre pessoas pode nos transformar.

No fim de semana que antecedia o Kick Off Anual da empresa na qual eu era CEO, com mais de 600 líderes do Brasil, sofri uma perda que me abalou profundamente. Quem gosta de animais vai me entender. Um cavalo da nossa família morreu e passamos dias vivendo aquela dor. Naquela segunda-feira, dirigi até a empresa tentando me recompor para estar 100% pronto para aquele momento corporativo que era crucial. 

Quando cheguei, subindo as escadas, uma senhora com quem cruzava diariamente e trocava algumas palavras de cortesia me disse: "Eu queria te agradecer por sempre fazer meu dia melhor, por perguntar de mim e da minha família". Aquela sensibilidade e gentileza me tocaram profundamente e me trouxeram uma lufada de bons sentimentos. Ela conseguiu me tirar do looping negativo que eu experienciava e mudar minha energia. Cheguei à apresentação completamente motivado para entregar o meu melhor ao meu time!

É a riqueza da nossa diversidade que nos torna únicos, e não podemos abrir mão dessa sabedoria quando pensamos em nossas carreiras e no nosso desenvolvimento profissional. Somos multidimensionais e, por isso, precisamos buscar o equilíbrio entre o conhecimento, a execução e o coração – nossos sentimentos e emoções.  É essa complexidade que CEOs tendem a valorizar cada vez mais, buscando que CIOs sejam capazes de alinhar efetivamente as estratégias de tecnologia aos objetivos de negócios.

Washington Botelho, presidente da JLL Work Dynamics para a América Latina.

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