Hospital de Clínicas de Porto Alegre lançará PEP móvel

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A TI do Hospital de Clínicas de Porto Alegre se destaca entre as Instituições de saúde da região. Uma evidência disso é o projeto AGHU (Aplicativos de Gestão para Hospitais Universitários), em que o Ministério da Saúde escolheu o modelo de gestão do HC de Porto Alegre para ser aplicado em todos os outros 46 hospitais universitários da rede do MEC.

E entre os projetos considerados carros-chefes, a coordenadora de Gestão da Tecnologia da Informação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Maria Luiza Malvezzi, aponta o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) Móvel. “É o nosso profissional de saúde poder ter em um Ipad, em um smartphone todas as informações do paciente do lado do paciente, na beira do leito”, explica.

Segundo ela, além da premissa básica do paperless, o diferencial, aqui, é a mobilidade, o que Maria Luiza diz ser relevante principalmente por conta das dimensões da Instituição: 800 leitos e 2500 consultas por dia. “Então, a logística de entregar um prontuário de papel onde o paciente está sendo atendido é muito grande”, explica.

Histórico

Atualmente, a mobilidade não está totalmente implementada na Instituição, apesar de o prontuário eletrônico sem mobilidade já ser uma realidade. “Hoje, temos uma rede de quase três mil computadores. Em cada cantinho desse hospital o médico pode atender, ele acessa o prontuário e consegue prescrever, agendar cirurgia, fazer uma descrição cirúrgica”, informa Maria Luiza.

No entanto, o processo de mobilidade com o prontuário eletrônico acontece no HCPA desde 2005. “Na nossa primeira solução, os próprios médicos traziam seus PDAs, a gente baixava um aplicativo ali e o médico podia ver os resultados dos exames, por exemplo”, lembra,

Para que o médico pudesse ter acesso aos dados do paciente, em 2005, porém, era necessário cabeamento, já que a rede wireless ainda não estava implantada, processo que se iniciou em 2007. “Em 2009, o Hospital ficou todinho com rede sem fio, wireless”, conta Maria Luiza, justificando que os três anos de implementação decorreram da renovação de toda a parte de redes dos computadores, “levou um tempo maior porque teve um investimento mais alto”, enfatiza.
A rede sem fio, portanto, facilitou, “mas a gente ainda não estava preparado pra desenvolvimento em smartphone e Ipad, porque o desenvolvimento significa você dominar essa linguagem do android, dos sistemas operacionais do MEC”, explica.

Ainda assim, ocorreu, em 2009, uma evolução na utilização de mobilidade para o acesso do PEP. A partir da facilidade da rede wireless, a Instituição investiu, por exemplo, na compra de dez PDAs para a equipe de enfermagem, “eram caríssimos, eram 5 mil reais, eles eram pesados, compramos em um projeto de pesquisa. Não fizemos em larga escala por conta do preço”.

Essa ação exigiu, inclusive, uma iniciativa do departamento de TI junto com o de enfermagem: a criação de “uma bolsinha para o PDA, para que elas (as profissionais de enfermagem) ficassem com as mãos livres”, comenta Maria Luiza, acrescentando que essa é uma das preocupações desses profissionais no momento em que aplicam a medicação. Ela aproveita, aliás, para reiterar que será necessário encontrar uma forma de resolver essa problemática em 2012. “Vamos ter que dar um jeito de ela manter o celular dentro do bolso do avental.”

Mobilidade integral em 2012

A preocupação de Maria Luiza decorre da meta do hospital para setembro deste ano: iniciar a implementação que tornará possível o acesso dos dispositivos móveis, dos próprios profissionais de saúde, ao PEP. A solução está sendo desenvolvida para android e iOS. “O médico poderá consultar os resultados dos exames e colocar a evolução do paciente”, intera Maria Luiza. “As enfermeiras vão ler o código de barras da pulseira e administrar o medicamento”, acrescenta.

A diferença trazida pela integração da mobilidade do PEP é exemplificada por Maria Luiza na situação em que o corpo médico verifica os sinais vitais do paciente. Segundo ela, as enfermeiras anotam no papel as informações, como a temperatura do paciente, e vão até um desktop – há diversos micros nos próprios corredores da Instituição – e “lançam a informação no sistema.” No entanto, ela explica que nesse caso – quando os dados são lançados, mas não há mobilidade – há apenas a transcrição de dados, e uma das dificuldades é o risco de erro. “Se você faz isso no momento que acontece (a verificação dos sinais vitais), você garante que a atualização, por ser imediata, seja mais assertiva”, assegura.

Ela ainda explica que o procedimento contribui para o momento de passagem de plantão, quando o corpo de enfermagem se reúne para discutir os casos. Segundo Maria Luiza, a reunião demanda em torno de uma hora. “Quando tem mobilidade, queremos evitar ao máximo isso, porque as informações estão lá. Eles vão só contar os casos mais graves, que ai é bom conversar”, explica. De forma geral, então, ela acredita que a solução prestes a ser implantada vai dar mais produtividade e segurança aos dados do paciente no registro eletrônico.

O processo

O motivo pelo qual o Hospital chegou à solução em questão, segundo Maria Luiza, está ancorado principalmente à “rotatividade de alunos, residentes e professores, que querem estar sempre na ponta.” Ela explica que o fato de o Hospital ser Universitário fomenta iniciativas em pesquisas e novidades. “Esse estímulo de recebermos praticamente 150 médicos residentes todo ano, os próprios profissionais trazem essa questão de coisa nova. Isso dá uma oxigenação muito forte na Instituição, o hospital não pode ficar no tempo passado”.

Apesar de alegar que a Instituição está “fazendo de tudo para que não fiquemos dependentes de nenhum fornecedor”, ela comenta que estudaram as alternativas de desenvolverem a solução de forma nativa, ou híbrida, mas decidiram pela última: houve uma parceria com um fornecedor local de aplicativos, a DBServer.

A empresa ajudou a equipe de TI a rastrear o mercado e descobrir o que estava sendo tendência, o que o fizeram optar pela linguagem de desenvolvimento mais apropriada. Além disso, a DBServer está contribuindo na capacitação. “A gente está trabalhando em um conceito de 50%, 50%. Eles colocam pessoas para trabalhar e a gente também coloca, quando eles saírem aqui desse projeto, a gente vai ter o know how para dar desenvolvimento naquilo que falta”, detalha.
Dessa forma, o resultado é que a solução se realize independente do dispositivo que o profissional tiver. “A gente vai poder ir na lojinha da Apple e baixar um aplicativo para o hospital. No android, eu vou ter esse aplicativo que a gente vai baixar pela rede e vai estar rodando”, explica.

Segundo ela, de novembro de 2011 até fevereiro de 2012 aconteceu o estudo das tecnologias que poderiam ser desenvolvidas para os aplicativos móveis. De março a abril deste ano, a equipe de TI conquistou a aprovação da direção do hospital, fato que mereceu o destaque da coordenadora de gestão de TI: “A área de TI do hospital já tem, no mínimo, 25 anos, essa área é ligada direto à presidência do hospital, não é subordinada a outras áreas, isso faz com que os investimentos, os reconhecimentos, as aprovações de projetos fluem muito mais rápido.”

Apesar de não ter os números certeiros, Maria Luiza informa que o valor investido na solução não passou de 20 mil reais, retificando que a Instituição não comprou os dispositivos para os colaboradores. “Significa (esse valor) só o desenvolvimento em parceria com a DB Server”, explica. “Ainda não dá pra gente falar em retorno, mas é um projeto muito em conta perto do benefício do paciente”;.

A solução será utilizada por todo o corpo clínico, o que totaliza mais de 2000 pessoas. No caso do PDA, era uma solução disponibilizada para todo o quadro médico, “mas nem todo mundo tinha PDA, na época”, lembra. Por conta disso, havia, e ainda há, no máximo 200 colaboradores usando a solução de mobilidade.

Futuro

Ainda dentro do assunto mais cristalizado no País em termos de TI na área da saúde, o PEP, Maria Luiza não considera a mobilidade como único diferencial possível. “Como perspectiva futura, a gente tendencia a ter um prontuário do paciente na nuvem”, revela.

A ideia seria o próprio paciente habilitar a solução. Assim, independente do hospital onde ele estiver seria possível entrar na internet e acessar seus dados, os disponibilizando ao médico consultado no momento. “Isso contribui de forma geral para a produtividade da cadeia de saúde, é evitar exames duplicados”, alega, destacando a contribuição da nuvem para facilitar os processos. “É mais em conta também, e mais garantido, porque de alguma maneira ele (o PEP) vai estar reservado, criptografado” intera.

A solução, no entanto, ainda é apenas uma ideia. Não há expectativas de quando o processo irá ter início. “Acho que ainda é cedo pra falar em data, o que a gente não pode é perder isso de vista”, considera.

Outra novidade do HCPA, mas essa mais concreta, é o lançamento da pedra fundamental para a construção de um prédio de seis andares só de TI, o Centro Integrado de Tecnologia da Informação (CITI), que conta com 40 milhões de investimento. A construção reunirá as áreas de TI da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CESUP e CPD, e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre – CGTI em uma área total de 6811 metros quadrados, sendo mil metros quadrados para o andar exclusivo de datacenter.

Segundo Maria Luiza, a Aceco ganhou o edital de licitação para construção, que se inicia agora e pretende ser concluída dentro de 24 meses. “É um datacenter verde, autosustentável, do ponto de vista do aproveitamento da água de chuva e energia solar, por exemplo”, acrescenta. Ela ainda intera que o prédio comportará laboratórios da Petrobras. “Dentro desse prédio terá o centro de super computação da Petrobras”;

Na opinião de Maria Luiza, o retorno desse investimento acontecerá em, no mínimo, cinco anos, “do ponto de vista de como vai se aumentar o poder do processamento de dados, como ele vai ser um dos datacenter maiores da região sul; o reitor da universidade falou que ele vai ser, inclusive, um dos maiores da América latina”, finaliza.

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