Estamos em um momento muito promissor no mercado de soluções de transformação digital. Na última edição do IoT Snapshot, estudo da Logicalis sobre o panorama da adoção da tecnologia no Brasil e na América Latina, pela primeira vez foi identificada uma parcela considerável das empresas entrevistadas* (19%) com soluções de IoT em estágio de operação e/ou roll-out. Por outro lado, quase dois terços dos respondentes (65%) sequer iniciaram seus primeiros projetos. Ou seja, a América Latina já atingiu um estágio avançado de maturidade de adoção da solução, mas ainda há um mercado imenso a explorar.
Ao longo das primeiras edições da pesquisa, pudemos observar a evolução do mercado em relação às tentativas de uso de IoT. Em um primeiro momento, havia um nível de conhecimento muito baixo de conceitos, aplicabilidade e tecnologias. Com o passar dos anos, entretanto, o mercado começou a se convencer dos potenciais benefícios, mas ainda esbarrava nas justificativas de retorno sobre investimento e na falta de orçamentos direcionados para estas iniciativas. Era especialmente difícil fazer tais estimativas, havia ainda um grande distanciamento entre as áreas de tecnologia e de negócios para a modelagem das soluções e a falta de exemplos práticos não permitiam o uso de taxas razoáveis de impacto.
Para esta edição, em que pudemos observar uma proporção sensível de casos operacionais, a boa notícia é que conseguimos observar também novas oportunidades surgindo para esta fase de adoção. Se iniciativas em fase piloto tinham como principais desafios fatores como conectividade (32%) e maturidade das soluções (20%), os projetos em fase de roll-out passaram a trazer questões como cultura organizacional e resistência à mudança (33%), além de integração das soluções de IoT à arquitetura legada (29%).
É comum ouvirmos afirmações de que a transformação digital não é sobre tecnologia. Na prática, os executivos estão percebendo isso conforme suas iniciativas precisam evoluir de pilotos tecnológicos, testados em ambientes controlados e com escopos reduzidos, para soluções operacionais que sustentam os processos de suas empresas e precisam mudar a forma como os profissionais desempenham suas atividades.
Os projetos de IoT, diferentemente de boa parte de soluções tecnológicas que as equipes de TI implantavam até o momento, passam a permear de maneira muito mais ampla e profunda os processos de negócios das empresas. De fato, o sucesso das iniciativas de digitalização parece estar atrelado à habilidade de transformar a forma como as equipes desempenham suas funções usando as novas tecnologias e de fazer com que elas trabalhem de maneira integrada com as soluções já em operação.
Dessa maneira, e depois de testar e desenvolver habilidades como prototipação, métodos ágeis para o desenvolvimento de soluções e modus operandi de squads multifuncionais, podemos sugerir dois novos investimentos em habilidades de governança para a transformação digital. São eles: Gestão da Mudança, com muita ênfase em comunicação, treinamento, identificação e mitigação de resistência à mudança; e o design e integração de arquiteturas tecnológicas mais flexíveis e multi-vendor, para incorporar de maneira mais simples o grande leque de soluções que vem sendo desenvolvido.
Em suma, para as empresas que estão prontas para iniciar suas jornadas de transformação digital, a prioridade é viabilizar suas primeiras iniciativas (provas de conceito e pilotos) desenhando soluções técnico-negociais e garantindo infraestrutura e conectividade iniciais para seu funcionamento. Já para as empresas em maior nível de maturidade, os focos de trabalho estão na mudança cultural e na integração das soluções testadas à arquitetura tecnológica em operação.
Seja pela entrada de novas empresas no tema, seja pela maior quantidade de soluções em roll-out, vislumbramos um horizonte de oportunidades. Se as tendências de investimento e captura de benefícios com as soluções se mantiverem, será questão de tempo para que vejamos resultados ainda mais impactantes nas próximas edições do IoT Snapshot.
Yassuki Takano, diretor de Consultoria da Logicalis.