O CEO da Apple, Tim Cook , disse, durante uma longa entrevista à revista Time, publicada nesta quinta-feira, 17, que a disputa judicial com o FBI para impedir o desbloqueio do iPhone do atirador que matou 14 pessoas em dezembro de 2015, em San Bernardino, na Califórnia, vai além da questão da privacidade. Como ele já havia dito em declarações anteriores, trata-se de deter a tentativa do governo de criar um precedente para exigências similares no futuro, forçando a empresa a criar software para desativar o recurso de criptografia do iPhone.
"Não se trata de um telefone. É muito sobre o futuro", disse Cook à Time. "Você tem um cara em Manhattan dizendo que tem 175 telefones que quer desbloquear a partir desse processo. Você tem outros casos surgindo em todo o lugar. Assim, não se trata de um telefone, e eles sabem que não é apenas o caso de um telefone."
Quando questionado se achava que o FBI usou intencionalmente o atentado em San Bernardino, por ser um caso de terrorismo doméstico, que causou muita comoção, para conseguir desbloquear o telefone, Cook diz que acredita que eles escolheram o caso porque sentiram que tinham mais possibilidade de ganhar na Justiça. "Existe algo no telefone? Eu não sei. E não acho que alguém realmente saiba."
O CEO da Apple ressaltou na entrevista que algumas pessoas disseram a ele que os outros telefones são esmagados. "Um dos membros da família da vítima disse na semana passada que todo mundo sabia que esses telefones eram monitorados. Na verdade, eles tinham o aplicativo de GPS nos aparelhos que permite que sejam rastreados. E o FBI esperou 75 dias para pedir o mandado", criticou Cook.
Cook disse que se sente "muito desconfortável em alguns aspectos" dessa luta contra o governo, envolvendo privacidade e segurança. "O combate ao governo não é uma coisa deliberada que decidimos fazer, mas uma maneira de nos protegermos. A América é sempre mais forte quando fazemos as coisas juntos", ressaltou.
Embora diga estar profundamente ofendido com o que vem sendo dito da Apple, Cook ressaltou que o diálogo está acontecendo, "agora com um monte de pessoas diferentes e um monte de pontos de vista diferentes, pessoas que concordam conosco e discordam de nós". "Eu acho que é saudável, é parte da democracia. E estou otimista de que vamos chegar à conclusão certa."
A Apple retorna ao tribunal no próximo dia 22 deste mês para apresentar seus argumentos sobre o caso. Um dia antes, a empresa realiza um evento em sua sede em Cupertino, na Califórnia, quando é esperado que ela vá anunciar o lançamento de um iPhone menor.