Temos que acabar com a expectativa de que, com um gerente carismático em TI, tudo funciona. Nossa experiência mostra que os gerentes mais eficazes recrutam e mantêm ótimas equipes, pois não fazem nada sozinhos, uma vez que o trabalho é sempre muito complexo.
Vale destacar, ainda, que liderança é diferente de gerência, e que não tem nada a ver com carisma ou traços de personalidade. Liderar é influenciar pessoas a mudar sua visão sobre necessidades. É paixão e está focada em fazer as coisas de forma diferente, por meio de intuição e idéias. Liderança persuade e estimula, é inspiradora e sincera. Gerenciar, ao contrário, é executar. É focada em melhoria de desempenho – fazer as coisas melhor. A gerência planeja, organiza e controla. Utiliza-se de análise e método. É um produto da mente.
O que alguns gerentes acham muito difícil de dominar é a complexidade humana – os elementos de liderança "touchy-feely". É neste ponto que a "Inteligência Emocional" (IE) do guru Daniel Goleman atua. A IE, que é a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, é apenas um aspecto da liderança. Apesar de outros incluírem capacidades cognitivas e técnicas, a IE representa 90% da diferença nos perfis dos grandes líderes.
Embora não seja fácil, a boa notícia é que as manifestações "soft" de liderança podem ser aprendidas. "Primeiro é preciso desaprender velhos hábitos, em seguida, desenvolver novos", diz Daniel Goleman.
No Gartner EXP, identificamos um conjunto de 25 competências que todos de TI necessitam. A liderança real necessita de mais cinco aspectos que estão relacionados com IE: auto-conhecimento emocional, auto-avaliação acurada, auto-confiança, auto-controle e auto-disciplina. Pessoas inteligentes emocionalmente respeitam os outros e seus sentimentos, identificam seus próprios sentimentos e assumem responsabilidade por suas próprias emoções. Não se apressam para julgar ou rotular outras pessoas e situações. Mantêm o controle de suas emoções, não tentam manipular, criticar, culpar ou dominar os outros. Validam os sentimentos e valores alheios, vivem o presente, aprendem com as experiências e não carregam sentimentos negativos.
Há uma gama de estilos de liderança, que vai do autocrático ao democrático, passando pelo visionário, que mobiliza pessoas em direção a uma visão. Nenhum estilo funciona bem em todas as circunstâncias. Cada um é apropriado para determinadas situações. Mas os líderes que têm continuamente ampliado o seu leque de estilos, além do dominante, de modo a incluir pelo menos dois outros, melhoram os resultados que obtêm de suas equipes.
Tanto o papel de CIO como a tendência para trabalhar mais elevaram o grau de liderança necessário às pessoas de TI. Por isso, aqueles que prestarem atenção tanto ao "soft" como ao "hard" serão mais bem-sucedidos.
* Ione de Almeida Coco, vice-presidente regional Latin America – Gartner CIO Executive Programs