Revendas de TIC encerram 2024 com alta de 10,7%

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Mesmo diante de um ambiente macroeconômico desafiador, com juros altos e valorização cambial, o canal de TIC brasileiro demonstrou capacidade de adaptação e encerrou 2024 com crescimento de 10,7% no faturamento. Os dados fazem parte da 14ª edição do Censo das Revendas, divulgado pela Abradisti (Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação) em parceria com a IT Data.

Entre os destaques estão as revendas de valor agregado (VARs), que apresentaram desempenho acima da média, com alta de 14,8% sobre 2023. As lojas virtuais também se destacaram, com crescimento de 15,2% no período. A valorização de 11,3% do dólar foi um dos fatores que impactaram diretamente os preços de hardware, software e telecom, refletindo-se no faturamento geral.

Apesar de uma retração no setor em 2023 — atribuída à redução da demanda após os investimentos da pandemia, mudança de governo e restrições de crédito —, o cenário em 2024 mostra recuperação e otimismo: 69% das revendas esperam crescer em 2025, com expectativa média de avanço de 14,6%.

Leia também: Censo da Abradisti mostra que revendas de valor agregado e lojas virtuais crescem mais de 10% em 2023

O Censo identificou ainda que 48% das revendas participantes são VARs, 29% operam com volume, 6% atuam no e-commerce, 13% são representantes comerciais e 4% têm foco em automação comercial. O estudo foi baseado em 1.360 respostas válidas de empresas revendedoras de tecnologia em todo o Brasil.

Demanda corporativa, escassez de talentos e reorganização das revendas

Os VARs seguem com foco nas grandes contas — 45% têm como principais clientes empresas com mais de 250 colaboradores. Já as revendas de volume ampliaram o alcance para pequenas e médias empresas. Há uma movimentação estratégica de parceria entre canais, com VARs buscando revendas para apoio na execução de serviços, devido à escassez de mão de obra qualificada.

Apesar de 43% das revendas planejarem contratar novos profissionais em 2024, apenas 25% conseguiram ampliar seus quadros. Para 2025, 52% das revendas mantêm planos de contratação, mas o desafio continua sendo a formação de talentos com competências além das certificações técnicas, como destaca Mariano Gordinho, presidente-executivo da Abradisti.

A Abradisti também observa uma menor taxa de mortalidade das revendas e uma aceleração no surgimento de novos negócios, especialmente entre empreendedores mais jovens. Cerca de 20% das lojas virtuais e 12% dos representantes comerciais participantes do Censo iniciaram suas operações em 2024 ou no início de 2025.

Investimentos setoriais: IA, cibersegurança e infraestrutura puxam a retomada

Segundo Ivair Rodrigues, diretor da IT Data, os projetos previstos para 2025 indicam continuidade da retomada, com destaque para iniciativas em inteligência artificial, segurança da informação e infraestrutura básica de TIC. No entanto, o segmento governamental permanece uma incógnita. As boas compras registradas em 2022 não se repetiram nos dois últimos anos e, segundo o analista, não há sinais de recuperação significativa para o próximo ano.

Distribuição de TIC cresce 10% e fecha 2024 com faturamento de R$ 28,7 bilhões

Complementando o Censo das Revendas, a Abradisti também divulgou o Estudo Setorial, com dados de 51 distribuidores que representam 86% do mercado nacional de TIC. O levantamento apontou crescimento de 10% em reais no faturamento do setor em 2024 — R$ 28,7 bilhões —, sendo que os associados da entidade registraram alta um pouco superior, de 12,3%.

O setor privado, especialmente médias e grandes empresas, foi o principal motor da expansão. Indústria e serviços lideraram os investimentos, com alta de 7,4%. Já nas micro e pequenas empresas, o aumento médio foi de 8,5%, impulsionado pela abertura de mais de 1 milhão de novos negócios no ano.

O impacto da valorização do dólar — que subiu de R$ 4,84 em 2023 para R$ 5,39 em 2024 — também influenciou o desempenho dos distribuidores. O principal desafio atual, no entanto, passou a ser o custo do capital: 77% das empresas do setor apontam os juros elevados como a maior preocupação, afetando crédito, capital de giro e capacidade de investimento.

Para 2025, o otimismo recuou. A expectativa de crescimento do setor é de 6%, acima da inflação projetada (5,5%), mas abaixo do ritmo de 2024. O ambiente externo instável, as incertezas internas e o custo elevado do dinheiro seguem como fatores de contenção.

A versão pública dos estudos pode ser acessada no site da Abradisti:
https://page.abradisti.org.br/14-censo-das-revendas-acesse-o-conteudo-publico

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