Um dos principais problemas enfrentados pelas grandes empresas no Brasil, quando se olha pelo prisma das redes corporativas de telecomunicações, diz respeito à falta de conscientização quanto à definição de políticas e indicadores para avaliação do quanto custa a indisponibilidade de rede — também conhecido como down time.
Indisponibilidade é qualquer evento que resulte na perda do acesso a rede (queda de um switch, roteador, multiplexador, corte de fibra, queda de energia elétrica, corte de cabo telefônico etc.) e acarreta prejuízo financeiro e aos negócios. Afeta linhas de produção, transações bancárias, transações comerciais, correio eletrônico, telefonia, vídeo streaming, logística de transporte, tráfego aéreo, reservas de passagens, hotéis, ou seja, uma infinidade de situações em que comunicação eletrônica corporativa acontece. É muito provável que empresas nem sequer avaliem o principal indicador do negócio: aquele que diz respeito a sua própria imagem corporativa no mercado.
Muitas empresas americanas medem prejuízo financeiro causado pela indisponibilidade de rede em dólar/minuto. Me recordo de quando trabalhei numa das maiores companhias de telecomunicações dos EUA, há alguns anos. Era responsável pela conta de outsourcing de telecom, na América Latina, de uma das maiores montadoras de carros do mundo. Na fábrica no interior de São Paulo, cada minuto de indisponibilidade de rede ou sistema na linha de produção, naquela época, representava US$ 500/min. Um valor, talvez, de certa forma tímido, porém já trazia no seu bojo a tendência que se consolidou em medir prejuízo financeiro e de imagem causado pela indisponibilidade.
Portanto, antever problemas de indisponibilidade de rede é fator crítico e crucial para saúde financeira e de imagem da empresa.
Dentro do exposto acima, é responsabilidade da área responsável por TICs — tecnologias da Informação e comunicações —, junto com as áreas de negócios, a clara definição de políticas que abranjam a criação de processos, aquisição de ferramentas e contratação de pessoal especializado para gestão de incidentes e problemas, gestão de crise (war room), planejamento de capacidade, gestão de cenários de disaster recovery, entre outros itens de ordem. Essas políticas devem contemplar, além da criação de indicadores de falha e desempenho, indicadores que sejam capazes de medir o prejuízo financeiro e de imagem corporativa da empresa.
Frameworks já consagrados como ITIL e ETOM têm sido utilizados em profusão para modelar e definir tais políticas. Na esteira desse novo cenário, várias empresas de consultoria se especializaram em suportar as empresas na criação, treinamento e sustentação destas políticas usando estes frameworks ou adaptando-os. Ferramentas de software que aderem a estes frameworks completam com automatização da gestão desses processos.
Passou da hora de mudarmos o paradigma "tupiniquim" de que TIC é um centro de despesa. A buzzword é "TIC é um diferencial do negócio!".
*Walmir Pinheiro da Costa é especialista em rede de telecomunicações corporativas da ISPM, fornecedora de software e prestação de serviços de gerenciamento e monitoração de serviços de telecomunicações e TI na América Latina.
Em contabilidade temos o Custo de Oportunidade que registra as eventuais perdas de uma situação X, em função de um fato Y. As formas de se mensurar isto podem variar em função da capacidade da empresa em gerar o seu faturamento. Abc, Walmir ….excelente matéria!
Tema atualíssimo e bem abordado. Parabéns!