A dinâmica de contaminação da Covid-19 obrigou o mundo inteiro a prestar atenção nas superfícies de contato. Com a pandemia, dispositivos touchscreen ou de reconhecimento biométrico de uso comum perderam espaço para soluções touchless – que não exigem o toque. De acordo com a ABI Research, as receitas globais de dispositivos biométricos devem cair 22% em 2020, cerca de 1,8 bilhões de dólares. Ao mesmo tempo, o investimento em reconhecimento facial e videomonitoramento integrados à controle de acesso foram impulsionados durante este período.
No Brasil, o levantamento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese) reforçou essa tendência. O estudo identificou que a necessidade de evitar as interações sociais dentro de condomínios residenciais e empresas impactaram a procura por soluções inteligentes que atuam de maneira autônoma, como as Câmeras de Reconhecimento Facial. Estes recursos não são novidade, mas ganharam um novo potencial de relevância a partir das novas necessidades.
A questão é que a pandemia acelerou uma tendência que já estava no radar dos gigantes da tecnologia. Por exemplo, os assistentes virtuais por voz – como Alexa e Google Home – são destaques nesse sentido. O importante é perceber que segurança eletrônica não está alheia às novas demandas sociais e, por isso, também as fabricantes do setor devem aumentar o portfólio de soluções touchless daqui para frente.
É importante ressaltar que o impacto social do coronavírus não decretou o fim da biometria ou semelhantes, apenas explicitou os limites desta tecnologia. Talvez, os dispositivos que exigem contato físico não sejam a melhor opção para ambientes com grande circulação de pessoas – como empresas, shoppings centers e condomínios. A boa notícia é que para estes cenários a segurança eletrônica já oferece soluções de reconhecimento facial que se integram aos sistemas de controle de acesso e videomonitoramento.
Ainda não é possível responder se o futuro será completamente touchless, mas é fato o investimento crescente de fabricantes e desenvolvedores neste conceito. Para a Segurança Eletrônica prevemos a oportunidade de integrar novos parâmetros de proteção com uma experiência muito mais agradável e até mesmo higiênica ao usuário-final. Nesse sentido, as tecnologias incorporadas durante a pandemia não serão descartadas, elas formam o legado disruptivo para a sociedade pós-pandemia.
Selma Migliori, presidente da ABESE – Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança.