Como a saída de funcionários pode se tornar um pesadelo para TI

0

Você já deve ter ouvido falar em um fenômeno recente e pós-pandêmico que a mídia internacional tem chamado de Grande Resignação e que também acontece no Brasil. Estudos apontam que, no último ano, houve um aumento de 15% nos pedidos de demissão voluntária. Por que esse movimento social pode se tornar um grande risco, principalmente no que tange à segurança das informações?

A saída de um indivíduo expõe o atual empregador ao risco. Isso é muito real e as empresas sofrem com consequências que envolvem o tráfego de dados privilegiados e a espionagem industrial. E isso acontece porque ninguém, de fato, está atento ao processo de offboarding de um funcionário.

No ano passado, duas empresas norte-americanas trocaram acusações que envolviam justamente a migração de vários dados de uma empresa para outra. Um desses funcionários, um diretor que migrou de uma empresa para outra, admitiu ter levado em um USB dados sobre a antiga empresa, bem como ter enviado informações relevantes por email. Exemplos não faltam sobre roubo de dados – agora imagine, com o número alto de saídas e movimentações – como controlar a saída de um funcionário e os dados que ele pode potencialmente levar consigo?

Na saída, os dados vão junto

As áreas de TI geralmente têm um processo simples que encerram o acesso do usuário ao ambiente interno. A questão é: ele mata o acesso a todos os serviços ou apenas aos serviços que a TI suporta diretamente?

Muitas empresas são boas em desativar o acesso a serviços internos, mas falham quando se trata de serviços de terceiros, onde recursos compartilhados, como credenciais e até chaves de API não são alteradas – o que significa que esse funcionário acaba ficando com o acesso privilegiado naquele sistema.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos entre os meses de abril e junho de 2021 apontou que ao menos 42% dos eventos de exfiltrados ou expostos se originaram a partir de vazamentos via USB. Sistemas na nuvem representaram 37% dos dados exfiltrados, com o upload de informações para sistemas terceiros.

A maioria dos funcionários leva informações com eles? Sim. A maioria dos funcionários leva documentos contendo dados específicos e vinculados ao seu trabalho prévio, pois eles se sentem no direito de fazê-lo. O motivo é principalmente reutilizar esses documentos em seu próximo trabalho. Em alguns casos, os dados exfiltrados são de alto valor, como propriedade intelectual ou dados de clientes.

Como melhorar o processo de offboarding?

O monitoramento é o principal elemento para dissuadir os indivíduos de mover dados de maneira não autorizada, seja durante as atividades do dia a dia ou enquanto se preparam para sua saída. Além disso, o processo de offboarding deve ser mais amplo e incluir, além de RH, TI, e segurança da informação – e não deve ser algo a ser observado apenas no "último dia". Pesquisas apontam que o roubo de dados acontece de 30 a 60 dias antes da data de término do contrato de trabalho. O monitoramento de sinais indicadores de movimentação de arquivos são, por exemplo, itens importantes a serem avaliados na saída do funcionário. É claro que o monitoramento de informações não pode acontecer somente na saída – deve ser uma atividade contínua – e englobar também os sistemas na nuvem. Afinal de contas, não dá pra ficar esperando ver a sua lista de clientes nas mãos do concorrente – não apenas pelos aspectos óbvios da concorrência desleal – como também uma medida de proteção de informações à luz de dados da LGPD.

Carlos Rodrigues, VP da Varonis para Latam.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.