Seis tendências para ficar de olho em 2022

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Se utilizarmos a história como um guia, podemos considerar que leva cerca de seis anos desde a primeira menção sobre uma geração de tecnologia móvel até que ela se torne mainstream. Dessa forma, o 5G já atingiu esse limite e já não é mais o futuro. Com mais de 200 redes em serviço no início de 2022, a frequência saiu do laboratório e foi para o campo, para redes operacionais que suportam bilhões de assinantes.

Agora, com o 5G oficialmente sendo mainstream, podemos esperar as seguintes tendências em 2022:

1- Open RAN sai do laboratório e vai para o mundo

De acordo com a GSMA Intelligence, 77% das operadoras de telefonia móvel planejam implementar o Open RAN como parte de sua migração para o 5G. Isso se alinha com o impulso visto nos últimos meses de 2021, em laboratórios O-RAN administrados por operadoras – neles, o trabalho crítico já está acontecendo e continuará em operação em 2022. Com fornecedores não tradicionais (assim como tradicionais) agora lutando para se tornar parte do O-RAN, o teste de interoperabilidade será fundamental.

O trabalho seguirá acontecendo nos laboratórios, mas cada vez mais veremos os operadores trabalharem com pilotos O-RAN limitados. É previsto que a cada novo lançamento haverá comemoração, com operadores e fornecedores orgulhosos de sua conquista. Se tudo correr bem, espera-se que seja um ano de celebração e expansão para todo o ecossistema O-RAN.

2- Cloudification traz destaque para a garantia de serviço 

Nos últimos anos, muitas operadoras começaram a implementar SDN e NFV em busca de mais flexibilidade operacional e de evitar o vendor lock-in. Essa evolução continuará em 2022, impulsionada por iniciativas de organizações como a O-RAN ALLIANCE e o Telecom Infra Project (TIP), bem como o 3GPP Release 16.

Mas com a liberdade vem a responsabilidade. Processos de "softwarização" e "cloudificação" significam que as operadoras não podem contar com um único fornecedor. Elas agora estão mais claramente no controle para garantir que esse novo ambiente desagregado de vários fornecedores possa proporcionar Qualidade de Serviço (QoS) e Qualidade de Experiência (QoE) que os clientes exigem. Como as redes 5G são capazes de atender bilhões de assinantes, a garantia de serviço se tornará uma prioridade maior neste ano.

3- Banda C no 5G se torna real, assim como a disrupção

À medida que as operadoras móveis começam a lançar o serviço 5G na banda C, o setor de aviação e os reguladores mostraram preocupações sobre possíveis interferências nos sistemas de altímetro de radar (RADALT), resultando em atrasos nas implantações de rede e no cancelamento de milhares de voos.

Qualquer possível interferência entre os sistemas ocorreria em uma faixa de radiofrequência muito estreita, que tecnicamente nem faz parte da banda C (3,7-3,98 GHz), sendo utilizada por provedores de serviços de comunicação, enquanto os sistemas RADALT operam na banda de 4,2-4,4 GHz. No entanto, há potencial para interferência nas bordas dessas bandas, problema que pode ser mitigado por meio de testes e ajustes das redes 5G e dos sistemas RADALT antes da implantação ao vivo. Ou seja, as indústrias de comunicações e aviação e as agências de regulação precisam concretizar etapas de verificação e monitoramento rigorosos antes que as redes e os equipamentos sejam implantados.

4- 5G e fibra: amigos ou inimigos?

Pelos números registrados, o 5G já supera a fibra quando se trata de disponibilidade global. Por isso, as operadoras móveis nunca perdem a oportunidade de divulgar suas redes 5G como uma ponte sobre a exclusão digital.

Mesmo assim, é um erro ver isso como um jogo de soma zero, no qual o sucesso de uma tecnologia vem às custas da outra. Na verdade, ocorre exatamente o oposto: seja uma grande estação ou uma célula pequena, cada ponto base de 5G precisa de fibra, o que significa mais receita para telecomunicações e outros provedores. Além disso, toda vez que a rede é estendida para atender a um novo site 5G, a fibra também está mais próxima de mais residências e empresas.

Esse relacionamento sinérgico e seus subprodutos serão acelerados em 2022, à medida que as operadoras aprimorarem sua cobertura 5G. Um desses subprodutos é o aumento da concorrência: para ser viável como alternativa à fibra e ao cobre – seja para banda larga residencial ou SD-WANs de filiais – o 5G deve ser ultra confiável. Esse ambiente hipercompetitivo é outra razão pela qual as operadoras de telefonia móvel farão da garantia de serviço uma prioridade máxima em 2022.

5 – A computação de borda fica mais popular

À medida que mais operadoras móveis visam o mercado de banda larga fixa, ele se torna mais um impulsionador da computação de borda (edge computing), uma tendência vem crescendo nos últimos anos. Por exemplo, as operadoras móveis podem usar a computação de borda para minimizar os custos de latência e backhaul para seus serviços de dados fixos sem fio. Isso beneficia diretamente sua posição competitiva porque maximiza a qualidade de experiência e gera economias que ajudam a precificar os serviços fixos de forma competitiva e lucrativa.

No mercado corporativo, 12% das operadoras móveis dizem que a edge computing é uma proposta de valor primária no 5G, de acordo com a Pesquisa de Oportunidades Empresariais de 2021 da GSMA Intelligence. Essa é a mesma porcentagem da rede privada, na qual os recursos de edge computing também são essenciais para atrair e reter clientes. Por exemplo, muitas empresas estão focadas no 5G privado virtual, onde têm uma fatia de uma rede pública em vez de possuir core e RAN. Por isso, em 2022, a computação de borda confiável e de alta qualidade será cada vez mais importante para as operadoras móveis que visam empresas que preferem os modelos de implantação fatiados ou híbridos para o 5G privado

6 – Olá, 6G

Com o 5G sendo mais popular e acessível, não é surpresa que o planejamento para o 6G já tenha começado. Já ouvimos mais sobre essa possibilidade diariamente à medida que os líderes do setor analisam os aprendizados das implantações atuais da rede 5G, compartilham conceitos para serviços de próxima geração e arquiteturas de rede de suporte e planejam o desenvolvimento de modelos. Assim, devemos acompanhar o avanço do 6G em um futuro mais próximo.

Sameh Yamany, CTO da VIAVI Solutions.

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