Pressionadas por novos modelos de consumo, as empresas de tecnologia já não podem se dar ao luxo de se concentrar em apenas um segmento de mercado — seja ele software, hardware ou serviços. No caso específico das fornecedoras de software, esse novo cenário as tem levado a uma profunda transformação, fazendo com que fujam da oferta de produtos complexos e invistam em aplicativos de uso fácil, que podem ser fornecidos tanto no modelo tradicional de venda de licenças (on premises) quanto como serviço (SaaS) por meio da nuvem.
Já para os fabricantes de hardware, a busca tem sido no sentido de entregar mais valor, com a oferta adicional de software ou serviços para aumentar a vantagem competitiva. Além disso, as empresas que até agora tinham pouco a ver com a tecnologia estão procurando digitalizar seus produtos ou serviços com software para entregar mais valor aos clientes.
Estas tendências são apontadas no relatório Global 100 Software Leaders, divulgado na segunda-feira, 17, pela PwC, o qual constata que, apesar de já virem sendo detectadas ao longo dos últimos anos, agora elas estão se acelerando. E os efeitos dessas mudanças, segundo o estudo, também se refletem no ranking das 100 maiores empresas de software em nível mundial, elaborado pela consultoria. Com base em dados da IDC, a lista classifica as empresas por receita total com software e pelo percentual da receita total de software na modalidade SaaS.
Embora, como já era de se esperar, Microsoft, IBM, Oracle e SAP continuem a dominar o ranking em termos de receitas totais com software, o Global 100 Software Leaders mostra que as vendas da indústria do setor registraram aumento de apenas 5% em 2012, contabilizando US$ 255 bilhões. Em contrapartida, o estudo revela que a receita das empresas com SaaS cresceu cerca de 60%, para US$ 20 bilhões no ano.
O relatório aponta, ainda, que a Salesforce, pioneira na oferta de software no modelo SaaS, continua a subir no ranking e é agora ocupa a 13ª posição. O Google, também em escalada ascendente, galgou seis posições, passando de 58° lugar para 52º. Além disso, várias empresas típicas da área de hardware aparecem pela primeira vez na lista — a Dell, por exemplo, aparece no 64º lugar e a NCR, na posição 59 —, enquanto outras mais tradicionais como a Hitachi passou do 20º lugar para 15º. Até mesmo a Qualcomm, fabricante de chipset, aparece na lista, na 94ª posilão, com uma receita estima de US$ 376 milhões com software em 2012.
Isso sem falar de empresas nada tradicionais na área de tecnologia como as do setor de vestuário, que oferecem informações sobre saúde por meio da análise e divulgação de informações a partir de sensores instalados nos tecidos das roupas, de utilities, que fornecem dados valiosos sobre o uso de energia para seus clientes corporativos.
"Estamos vendo novos competidores no ranking do Global 100 Software Leaders", diz Mark McCaffrey, responsável pela área de software global da PwC. "Como produtos de todos os tipos estão se generalizando, as empresas agora procuram olhar para o valor do software." Na opinião dele, como as fronteiras entre software, hardware e serviços estão se tornando menos claras, os mercados de tecnologia vivenciam um período um pouco caótico.
"A turbulência vai confundir e talvez sobrecarregar algumas empresas confortavelmente acomodados em seus mercados tradicionais e que não estão dispostas a mudar. Mas aquelas que forem rápidas, flexíveis e inteligentes na hora de escolher a sua fatia de mercado e o modelo de negócios adequado manterão o fluxo de receitas e obterão lucros que nunca imaginaram", diz o relatório.
Confira, na tabela abaixo, o ranking das 25 maiores empresas de software em nível mundial. Cique aqui para acessar a lista completa da PwC.