Nos últimos quatro anos, os investimentos das empresas brasileiras na área da TI dobraram, passando de cerca de 3,5% do faturamento, em 2008, para 7%. Os dados são da 23ª Pesquisa Anual de Tecnologia da Informação, divulgada nesta quarta-feira, 18, pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (FGV), que consideram os equipamentos utilizados no ambiente corporativo e no doméstico.
E a tendência, de acordo com o estudo, é a manutenção desse ritmo de crescimento. "A indústria da tecnologia da informação no país representava aproximadamente 3% ou 4% do PIB há quatro anos. Hoje é 7%, 8%. Se a indústria de tecnologia investe mais, alguém está comprando isso: as empresas e as pessoas”, destacou o coordenador da pesquisa, o professor Fernando Meirelles. Ele atribui a queda no preço dos componentes de informática e o aumento do poder aquisitivo da população como os principais fatores que fizeram com que o país atingisse a marca de 99 milhões de computadores em uso, até o quarto mês deste ano.
O número equivale a uma máquina para cada dois habitantes, ou um computador vendido por segundo. Há quatro anos, o número era de um PC para cada quatro cidadãos, ou seja, a metade. De acordo com a FGV, existe uma clara aceleração do mercado brasileiro e, em cinco anos, o Brasil irá atingir o índice de um computador por habitante.
"No Brasil, para cada computador temos dois televisores e três telefones", destaca Meirelles. Segundo ele, o país possui níveis de adoção dessas tecnologias superiores à média mundial. Enquanto no mundo cerca de 42% da população têm um computador, 108% um telefone e 63%, uma TV, no Brasil 51% da população tem um PC, 153% um telefone e 86%, um televisor.
Novo segmento
Este foi o primeiro ano que o estudo analisou o mercado de software de inteligência analítica, categoria que engloba sistemas de business intelligence (BI), de gerenciamento do relacionamento com o cliente (CRM) e outros software de gestão empresarial. De acordo com o levantamento a área de inteligência analítica hoje é liderada pela brasileira Totvs, com 38% de participação de mercado, seguida pela SAP, com 28%, e a Oracle, com 16%. "São apenas três grandes empresas que respondem por 82% do mercado", ressaltou Meirelles, chamando atenção para a concentração existente nesse segmento.
Meirelles observa ainda que, quando avaliado por porte de empresa, o estudo revela que a Totvs lidera entre as pequenas e médias empresas, enquanto a SAP (30%), Oracle (25%) e IBM (15%), nessa ordem, dominam no mercado de grandes corporações . "Embora os sistemas de ERP sejam responsáveis por grande parte da receita dessas companhias, um pedaço significativo do lucro vem de software de inteligência analítica, um negócio mais lucrativo", analisa o professor.
O estudo mostra também que o custo anual por teclado – o gasto com manutenção de cada máquina para as empresas – é de US$ 11,4 mil. Esse valor deve manter a tendência de alta nos próximos anos. "Mesmo com a promessa de redução do gasto com TI da computação em nuvem, as empresas desembolsam cada vez mais com serviços, manutenção e outras despesas relacionadas. Como o número de computador se aproxima de um por funcionário, ou seja, o denominador do índice não é mais variável, a tendência é de elevação no longo prazo", explica Meirelles.
O estudo da FGV revela, ainda, que o Windows e o Linux disputaram o mercado de sistemas operacionais para servidores remanescente da Novell e que está estável há cerca de oito anos. No ano passado, o Linux registrou queda de 2% para o sistema da Microsoft. O Windows hoje domina o mercado de servidores com 68% de participação, enquanto o Linux fica com 18%. Na década de 1990, o Windows possuía apenas 40% de penetração entre as empresas no Brasil.