Coordenadas pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), as pesquisas Produção e Vendas e Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro mostram que, em 2021, o setor apresentou um movimento de expansão, se comparado aos dados de 2020, nos levantamentos produzidos pela Nielsen Book.
A pesquisa aponta que o faturamento das editoras com a venda de livros registrou um crescimento nominal de 6% e, em termos reais, queda de 4%, considerando a variação do IPCA de 2021. Já o levantamento referente ao conteúdo digital revela um acréscimo nominal de 23% e em termos reais, 12%, no faturamento com conteúdo digital.
O presidente da CBL, Vitor Tavares, comenta os resultados sobre a produção e vendas do setor: "Ano passado foi um ano positivo para as editoras, cenário diferente do observado em 2020, com a pandemia. Passamos por um período desafiador para o mercado, no qual precisamos ajustar nossas expectativas e buscar maneiras criativas para alcançar nossos objetivos. Foi um trabalho em parceria, para desenvolver o setor e fortalecer o livro e a leitura no país".
Como já é tradicional, a pesquisa traz os dados totais e dos seus quatro grandes subsetores: Obras Gerais, Didáticos, Religiosos e CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais). Em 2021, três subsetores registraram aumento no faturamento nas vendas ao mercado, sendo que o grande destaque ano passado foi o subsetor de Obras Gerais, com acréscimo de 14%, ou seja, acima da variação da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB). Descontada a inflação, o aumento foi de 3%. O subsetor de Obras Gerais obteve crescimento por três anos consecutivos, consolidando a curva ascendente. O subsetor de Religiosos voltou aos níveis pré-pandemia, com expansão de 14% (nominal) e 3% (real). Já o subsetor de CTP apresentou expansão nominal importante, de 7%, embora ainda com recuo de 3%, em termos reais (descontada a inflação do período).
O subsetor de Didáticos, incluindo apenas as vendas ao mercado, é o único que apresenta queda significativa, de 14% em termos reais, e 5% (nominal), pois reflete a retração das vendas em ano de pandemia. Além disso, houve grande migração de alunos da rede privada para a pública, em decorrência da crise econômica.
Para o presidente do SNEL, Dante Cid, que acompanha a comissão de pesquisa há muitos anos, o levantamento é uma referência fundamental para o mercado editorial brasileiro. "Não são muitos os países que dispõem de uma plataforma desse tipo. Esta edição é muito especial, pois nos permite um retrato do mercado no contexto de um ano de pandemia comparado com um ano muito heterogêneo como foi 2020, com um misto de pré-pandemia e lockdowns intensos. Vimos o impacto disto, por exemplo, na queda dos Didáticos e no aumento da importância do e-commerce para alguns segmentos. No digital, a expectativa de um grande crescimento na participação do e-book nas vendas totais não se concretizou, apesar do significativo avanço nominal."
A pesquisa também revela que as livrarias e as livrarias exclusivamente virtuais contribuíram com fatias similares no faturamento das editoras, com participação de 29,95% e 29,86%, respectivamente.
Os dados mostram que também foi registrado crescimento nas vendas de e-books, audiolivros e outras plataformas de conteúdo digital em 2021. O faturamento total teve um acréscimo nominal de 23% e em termos reais, 12%. O faturamento foi de R $180 milhões no ano passado, contra R $147 milhões em 2020. Mesmo com esse crescimento, o conteúdo digital continua representando 6% do mercado editorial brasileiro.
Do faturamento total com conteúdo digital em 2021, R$ 125 milhões foram de vendas de e-books individuais e R $56 milhões foram por meio de outras plataformas de distribuição, como biblioteca virtual e serviços de assinatura de leitura digital.
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