A energia solar é amplamente reconhecida por ser uma fonte limpa e renovável, fator que faz com que a sustentabilidade seja um dos benefícios mais lembrados quando o tema é abordado. No entanto, a relevância desse tipo de matriz vai muito além desse aspecto. Isso porque a popularização da origem fotovoltaica pode garantir, por exemplo, um avanço significativo ao setor de energia, assim como um enorme impacto econômico para o país, que acaba de ultrapassar a marca de 29 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica.
De acordo com um levantamento publicado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a energia solar hoje representa 12,1% de toda matriz energética nacional. Ainda segundo a entidade, a tendência é de que essa parcela aumente consideravelmente nos próximos anos, mesmo com o fim do subsídio referente ao pagamento pelo uso do sistema de distribuição de energia elétrica estipulado pela Lei 14.300, de 2022.
Isso porque, além do Brasil contar com o clima ideal, novas linhas de financiamento, somados aos incentivos governamentais e a preocupação crescente com a sustentabilidade, irão impulsionar o crescimento de novas instalações. A visão é corroborada pela empresa TrendForce, no qual aponta que o Brasil pode conectar 14,2 GW de capacidade de geração solar em 2023. Esse volume representaria um crescimento de 26,2% em relação às novas instalações realizadas em 2022.
Como conscientizar as pessoas?
Mesmo diante de todos esses prognósticos positivos, o setor de energia solar ainda carece de certas estratégias para acelerar a popularização junto aos consumidores. A maior parcela da população não sabe, por exemplo, que a matriz energética apresenta diversas possibilidades de adesão, como a instalação de placas nos imóveis ou até mesmo pelo consumo remoto, também conhecido como geração distribuída. Nessa modalidade, não há necessidade de investimento por parte do responsável do imóvel, que passará a consumir uma energia limpa e ainda mais barata. Tais características a tornam uma das alternativas mais poderosas para a democratização da energia fotovoltaica no país.
É preciso ressaltar ainda o papel fundamental que as empresas da área devem ter junto a população, principalmente na função de estimular a adoção de um consumo mais consciente e sustentável. Para isso, as corporações devem investir mais em ações diretas, como a realização de campanhas de conscientização ou oferecer opções de produtos sustentáveis em seu catálogo.
Além disso, vale destacar a importância das movimentações internas por parte das companhias do setor, prezando principalmente pela transparência na sua cadeia de produção e informando a população sobre como trabalham para minimizar os impactos ambientais. Um exemplo prático de como isso pode ser desenvolvido é a implementação do conceito ESG, sigla para Environmental, Social and Governance (traduzido para o português como ambiental, social e governança), que está relacionada ao gerenciamento e às tomadas de decisão atreladas a preocupações socioambientais e éticas. Tais critérios têm direcionado as instituições a pensarem e atuarem em favor da sustentabilidade, da responsabilidade social, com respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas, tornando, assim, a atuação mais transparente e responsável com a sociedade.
É fato que o mercado nacional de energia solar vem se desenvolvendo de forma exponencial graças aos altos investimentos, que somente na última década ultrapassaram a marca de R$ 125 bilhões, segundo dados da Absolar. A consequência desse alto capital alocado é o desenvolvimento acelerado de um setor que rende emprego, mais inovação e maior disponibilidade de energia limpa para o país. O próximo passo agora é as empresas transmitirem de uma maneira assertiva todos os benefícios que a matriz fotovoltaica pode trazer para a população e o Brasil. De fato, estamos nos preparando para isso.
Tarcísio Neves, CEO da Evolua Energia.