Ao redor do mundo, um número cada vez maior de empresas está se movimentando e colocando apostas altas no desenvolvimento de plataformas de digital bank proprietários ou White Label, estabelecendo uma mudança abrupta no relacionamento com seus clientes, fornecedores e – até mesmo – dentro de sua própria empresa ou grupo. Como resultado, mensalmente são abertas entre 500 mil e 1 milhão de contas nessas plataformas, segundo estimativas da consultoria Boston Consulting Group (BCG), com base em dados públicos. No Brasil, essa movimentação não está sendo diferente.
Em primeira análise, a redução do custo de Money Transfer – TEDs e DOCs intra-company – passa a ser praticamente zerado. Cartões de crédito e corporativos, pré-pagos, CDC e até crédito clean são ofertados agora pelo digital bank corporativo ao consumidor final. Os modelos de receitas são variados e possíveis na legislação brasileira atual, permitindo até crédito consignado aos funcionários da empresa por intermédio de FIDC e distribuídas pelo digital bank. Por fim, um plano fidelidade integrado no banco com CRM e AI (Inteligência Artificial) melhora a recorrência dos clientes.
Mas há critérios e linhas de corte para abrir um digital bank próprio. A escolha deum parceiro que possua um banco liquidante/custodiante de primeira linha é crucial, pois traz segurança de que todo dinheiro nas carteiras estará, ao fim, resguardado por uma entidade sólida e de patrimônio líquido relevante no cenário econômico brasileiro.
Além disso, a qualidade da consultoria jurídica e contábil a ser fornecida pela empresa desenvolvedora dos bancos digital é de suma importância. Um erro contábil ou CNAEs inadequados podem gerar desenquadramento imediato do Fisco e ônus de impostos e multas proibitivas.
O ROI da operação também é um ponto determinante. O investimento em um digital bank pode atingir valores de 2 a 20 milhões, dependendo da complexidade do mesmo. Caso a empresa não perceba reduções de custos e receitas do sistema compatíveis, esse investimento talvez nunca se prove. A capacidade do gestor do digital bank é então testada, pois os chamados spreads irão compor a receita bruta. Com spreads mal negociados, a estrutura não se sustenta.
Por fim, em relação a faturamento mínimo, aconselha-se que a empresa ou rede fature, pelo menos, 50 milhões ao ano. Passada essa linha de corte, o investimento ou joint venture com uma empresa gestora de digital bank mostra-se um negócio muito assertivo e lucrativo.
Fernando Oliveira, co-CEO da BTX Digital.